ATA DA REUNIÃO DE INSTALAÇÃO
DA TERCEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
06.01.1999.
Aos seis dias do mês de
janeiro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão,
Guilherme Barbosa, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nereu D'Ávila e
Paulo Brum, Titulares, e Mário Fraga, Não-Titular. Ainda, durante a Reunião,
compareceram os Vereadores Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Décio
Schauren, Isaac Ainhorn, João Dib, José Valdir e Reginaldo Pujol, Titulares, e
Cyro Martini, Fernando Záchia e Hélio Corbellini, Não-Titulares. Constatada a
existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e instalada a Terceira
Comissão Representativa da
Décima Segunda Legislatura. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 409/98, do
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 06/98, do Vereador Elivir Desian,
Presidente da Câmara Municipal de Estância Velha/RS; 230/98, do Senhor João
Scharinger, Chefe do DETRU, do Banco
Nacional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BNDES;
306/98, do Vereador Paulo David Mulinari, Presidente da Câmara Municipal de
Taquari/RS; 2726 e 2752/98, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Superintendente de
Negócios da Caixa Econômica Federal. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador
Alberto Moesch, 01 Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 152/98
(Processo nº 3458/98); pelo Vereador Carlos Frederico Matzenbacher, o Pedido de
Informações nº 149/98 (Processo nº 3397/98); pelo Vereador João Carlos Nedel,
08 Pedidos de Providências. Ainda, foi apregoado
o Ofício nº 510/GP (Processo nº 67/99), do Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo comentou artigo
publicado na revista do Conselho Federal de Medicina, onde é analisado o
sistema de saúde no Brasil e apontada a necessidade de uma prática mais ética e
humanista nessa área. Ressaltou a ligação existente entre os problemas do
sistema de saúde pública e a crise econômica vigente no País. O Vereador Lauro
Hagemann declarou-se contrário à possibilidade de descontos previdenciários de
aposentados, questionando as causas da tomada de tal medida pelo Governo
Federal e as penalizações acarretadas pela mesma à categoria dos aposentados.
Na oportunidade, através de Questão de Ordem, o Vereador Guilherme Barbosa
manifestou-se acerca do uso do Sistema Eletrônico de Votações durante o período
de Comissão Representativa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn
apoiou a implantação de um brique aos domingos no Largo Glênio Peres, como meio
de estimular o comércio e o turismo no Centro de Porto Alegre. Também, defendeu
a construção de um calçadão para pedestres nas proximidades da Praça da
Alfândega e a liberação do trânsito de automóveis na área do Mercado Público
aos finais de semana. Na ocasião, o Senhor Presidente solicitou aos
Senhores Vereadores que não excedessem o tempo regimental em seus
pronunciamentos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz reportou-se à
carta publicada no Jornal Zero Hora, no dia de hoje, relativa a denúncias feitas
pela imprensa, de possíveis irregularidades administrativas junto ao Gabinete
da Vereadora Annamaria Gularte, afirmando que
este Legislativo agiu de forma célere no caso e que não deveriam existir
pressões por parte da comunidade quanto ao assunto. O Vereador João Dib teceu
comentários acerca de licenças que vêm sendo solicitadas pelo Senhor Prefeito
Raul Pont. Atentou para a necessidade de fiscalização, pela Casa, do uso de
cartas-contrato pelo Executivo Municipal e quanto ao cumprimento da Lei Orgânica
do Município no referente aos prazos
para elaboração dos balancetes financeiros anuais. O Vereador Adeli Sell
teceu considerações sobre o quadro econômico hoje apresentado pelo País.
Discorreu sobre as posições assumidas pelo PT à frente do Executivo Municipal,
no referente à aplicação dos recursos arrecadados pela Cidade, em especial nas
áreas de saúde e assistência social. A Vereadora Clênia Maranhão manifestou-se
acerca de discussões realizadas pela Casa na busca de alternativas para
revitalização do Centro de Porto Alegre. Comentou notas publicadas hoje na imprensa,
nas quais é destacado o interesse do Governo Municipal no assunto. Também,
solicitou maior atenção a questões relativas ao sistema de trânsito no Município.
A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM
DO DIA e aprovado Requerimento do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando
alteração na ordem de votação da matéria constante da Ordem do Dia. Em
Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 02/99
(Processo nº 116/99), por onze votos SIM e três votos NÃO, após ser discutido
pelos Vereadores João Dib, Cláudio Sebenelo, Luiz Braz, Isaac Ainhorn,
Guilherme Barbosa, José Valdir,
Juarez Pinheiro e
Reginaldo Pujol e encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib,
Guilherme Barbosa e Luiz Braz, em votação nominal solicitada pelo Vereador João
Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto
Garcia, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, José
Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann e Reginaldo Pujol e votado Não os
Vereadores João Dib, Luiz Braz e Paulo Brum. Durante a apreciação deste
Projeto, o Vereador Paulo Brum cedeu seu tempo de discussão ao Vereador Luiz
Braz. Também, o Vereador Guilherme Barbosa, através de Questão de Ordem,
destacou a necessidade do Orador ater-se ao assunto em debate, e os Vereadores
Luiz Braz e José Valdir manifestaram-se acerca do pronunciamento efetuado pelo
Vereador José Valdir durante a discussão do Projeto de Decreto Legislativo nº
02/98. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovada a Indicação nº 89/98. Foram
aprovados os seguintes Requerimentos: de nº 137/98 (Processo nº 1681/98 - Moção
de Apoio ao Ministério Público Federal de São Paulo, pelo ingresso de pedido de
proibição da venda do brinquedo "triops"), de autoria
da Vereadora Annamaria Gularte;
de nº 142/98 (Processo nº 1782/98 - Requer consulta ao Governador quanto à
instalação de telefones no Bairro Belém Novo), de autoria do Vereador Adeli
Sell; de nº 150/98 (Processo nº 1893/98 - Moção de Apoio à Fundação Maurício
Sirotsky Sobrinho e RBS TV, pelo lançamento de campanha que visa tirar as
crianças e adolescentes das sinaleiras), de autoria do Vereador Jocelin
Azambuja; de nº 151/98 (Processo nº 1915/98 - Moção de Apoio ao Centro de
Integração Empresa-Escola, pelo programa de alfabetização de adultos), de autoria
da Vereadora Annamaria Gularte; de nº 154/98 (Processo nº 1924/98 - Moção de
Solidariedade ao Ministro da Saúde José Serra, pelo desempenho junto ao
Ministério da Saúde e pelos seus esforços em erradicar a máfia da saúde), de
autoria do Vereador Cláudio Sebenelo, este após ser encaminhado à votação pelos
Vereadores Juarez Pinheiro, Cláudio Sebenelo e Reginaldo Pujol; de nº 162/98
(Processo nº 2007/98 - Moção de Apoio ao Conselho Regional de Farmácia, pela
medida tomada solicitando às farmácias que informem a procedência de seus
medicamentos), de autoria da Vereadora Annamaria Gularte; de nº 163/98
(Processo nº 2037/98 - Moção de Apoio ao projeto da Senadora Marina Silva, que
estabelece porcentagem sobre o Fundo de Participação dos Estados), de autoria
do Vereador Adeli Sell. Ainda, foram apregoados os Requerimentos nºs 166/98
(Processo nº 2134/98), de autoria dos Vereadores Renato Guimarães e Gerson
Almeida, e 188/98 (Processo nº 2610/98), de autoria do Vereador João Dib, os
quais tiveram suas tramitações sobrestadas, por solicitações dos Vereadores
Reginaldo Pujol e João Dib, respectivamente. Foi apregoado o Requerimento nº
212/98 (Processo nº 3156/98), de autoria do Vereador Adeli Sell, encaminhado à
votação pelo Vereador Reginaldo Pujol. Às doze horas e trinta e oito minutos,
constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro e secretariados pelo Vereador Adeli
Sell. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Havendo quórum, concedemos a palavra ao
Ver. Cláudio Sebenelo para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A
última revista do Conselho Federal de Medicina aborda um assunto, Saúde Brasil,
com diagnóstico atual. Entre os diagnósticos genéricos e específicos está
salientado no editorial a transformação do ensino médico para se adequar a uma
prática mais humanística e mais ética do exercício da Medicina e este é
apontado como um dos pontos prioritários aliado a uma urgente política de
recursos humanos. E eu gostaria, aqui, de enfatizar que saúde é igual a recursos humanos. O campo da saúde
não pode ser tratado como escritório burocrático de Brasília. Temos que saber
que, na ponta do sistema - o maior atrito entre o pessoal da área da saúde e os
usuários, os que procuram os serviços de saúde
- temos nossos irmãos brasileiros, e um dia, nós procuraremos os
serviços de saúde. Cada um de nós tem a responsabilidade de saber que esse
serviço de saúde, que o seu funcionamento está diretamente ligado ao fator
genérico, específico. É a crise econômica que vive o País, inclusive, uma
necessidade, uma exigência de uma demanda maior para o lado social, para
políticas sociais e um divórcio maior das políticas neoliberais, onde o mercado
daria as cartas. Essa visão monetarista em detrimento, especialmente, da área
de saneamento, de saúde, educação é, indiscutivelmente, hoje, no País, o grande
questionamento que a sociedade faz. As coligações políticas e a aproximação de
antigos incompatíveis, entre eles, a social democracia e o neoliberalismo,
houve uma tendência do eixo político voltado para o neoliberalismo. Hoje, há
uma exigência da sociedade para que se desvie esse eixo para o lado social. Já
ouvimos, com muita satisfação, o Ministro da Reforma Agrária anunciando para
este ano mais 85 mil assentamentos em todo o País, mas, principalmente, numa
parceria com os Governos Estaduais no
sentido de que isso se faça com a participação dos Governos Estaduais,
com a ajuda dos Governos Estaduais, mas também com uma pesada participação do
Governo Federal e com isso, principalmente, associando a área agrícola e o
PRONAF, com os recursos voltados para a Reforma Agrária.
Portanto,
o uso abusivo de novas tecnologias, o modelo que tem como centro o hospital e
não o médico de família e a superespecialização levaram a um processo de
desumanização da área da saúde. Ao invés de ter uma pessoa especializada em
saúde, cuidando do seu paciente, temos aparelhos cuidando dos pacientes e o
diálogo, o processo de afeto, de humanização e de relações pessoais e
interpessoais dos profissionais da área da saúde com seus pacientes é,
absolutamente, prejudicado por um sistema. Se de um lado a tecnologia
representa um progresso muito grande na solução dos problemas da saúde, por
outro lado essa própria tecnologia afasta o profissional do seu paciente e,
mais do que isso, faz com que, muitas vezes, o “finesse” tecnológico privilegie apenas uma camada da população; quando, na
verdade, o avanço tecnológico deve favorecer a todas as pessoas.
Por
isso, o Sistema Único de Saúde, nas suas definições de universalidade, de
integralidade, abrangendo todo o território nacional, a todas as pessoas, sem
discriminação é, indiscutivelmente, uma das grandes bandeiras que devemos
levantar, com o aporte dessa nova consciência da necessidade de reforma da área
da saúde, fazendo com que essa área social, tão delicada e tão preciosa para
cada um de nós, não seja um privilégio, mas sim a normalidade, a rotina do
funcionamento dessa área. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra
em Comunicação de Líder, pelo PPS.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
imprensa, neste início de ano, vem noticiando, cada vez com maior insistência,
a nova tentativa do Governo Federal de penalizar os aposentados com o desconto
previdenciário que, segundo as notícias, em certos casos, chegará a 30% dos
proventos da aposentadoria.
É
preciso que a sociedade brasileira proteste contra essa tentativa. É uma
inversão total da ordem natural; àqueles que durante quase toda a vida
descontaram dos seus proventos, dos seus salários as contribuições
previdenciárias e que, agora, depois da aposentadoria já minguada por
sucessivas leis, vão ser ressaltados em seus proventos. Essa tentativa não tem
nome e, por isso, a sociedade deve reagir com o máximo vigor contra ela.
As
razões apresentadas pelo Governo são as mais pífias. Diz o Governo que
precisa de dinheiro para suprir o
déficit do Tesouro Nacional. Quem é que vai cobrir esse déficit? Os
aposentados. Isso não tem nome. É preciso que a sociedade reaja com vigor a essa
nova tentativa.
Por
que o déficit do Tesouro vai ser coberto com parcela das contribuições dos
aposentados? Porque assim o exige os acordos internacionais firmados com o FMI,
com o Banco Mundial para suprir o déficit brasileiro, para o tal ajuste fiscal.
Ora,
Srs. Vereadores, se o ajuste fiscal brasileiro tiver que passar pela
contribuição dos aposentados, então esse País está muito mal.
Não
se diga, também, que o sistema previdenciário brasileiro seja uma maravilha,
ele precisa de ajustes e correções, mas não é por essa via que se vai consertar
este aspecto da vida nacional.
Srs.
Vereadores, nesta primeira Reunião da Comissão Representativa eu faço um apelo
a todos os segmentos da sociedade para que se movimentem. Não permitam que
aconteça essa ignomínia contra os aposentados, que são aqueles que contribuíram
durante toda a sua vida com o seu trabalho, com os seus parcos recursos para a previdência social e que, agora,
nesta quadra final da vida, vão ter que arcar com um novo ônus, qual seja, o
desconto dos aposentados para suprimento da caixa do Tesouro Nacional em
atendimento às exigências do Fundo Monetário Internacional, pelos acordos
firmados com o Brasil. Isso não tem nome! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de
Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de fazer algumas observações a V. Exa.
com relação ao painel eletrônico.
Nós estamos em Reunião da
Comissão Representativa,
portanto 17 Vereadores são
titulares. No painel, aparecem os nomes dos 33 Vereadores
e, como não fizemos chamada através do teclado, muitos de nós estamos
presentes, mas aparecemos como ausentes.
Depois, quando fizermos uma verificação de quórum para a Ordem do
Dia, se esta for feita de novo através
do painel, os Vereadores que estão presentes,
evidentemente, serão
registrados, mas os Vereadores que não fazem parte da Comissão Representativa
aparecerão como ausentes. Sugiro que, enquanto não fizermos um acerto no software,
V. Exa. desligue o painel e faça a verificação de quórum de forma
manual. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Eu já
havia pedido a opinião da nossa Assessoria com relação a isso. Faltam
ainda algumas conexões, futuramente o Vereador que adentrar ao Plenário e quiser consignar a sua presença vai fazê-lo na entrada com a sua senha e
aparecerá como presente. Hoje, mesmo
que estivessem os 33 Vereadores, ainda
há problemas no sentido de que feita a chamada, e consignadas as presenças, aqueles que chegarem um pouco
atrasados só na primeira votação
posterior é que terão as suas presenças,
então o painel ainda não está funcionando a todo o vapor. Eu aceito a sugestão de V. Exa., tendo em vista que ele não está em pleno
funcionamento e dado que a Comissão Representativa tem uma
representatividade de 17 Vereadores, a maioria da Casa, e não dos 33
Vereadores, realmente o painel não está sendo a expressão daquilo que acontece no Plenário. Eu dou guarida
a sua Questão de Ordem e pediria que fosse desligado o painel.
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes
de mais nada, a nossa saudação, mais uma vez, a V. Exa., Sr. Presidente, ao 1º
Secretário desta Casa, Ver. Adeli Sell, aos meus companheiros de Mesa, aos Srs.
Vereadores, pelo início deste processo de discussões e debates nesta Casa por
ocasião da instalação efetiva da Comissão Representativa do ano de 1999.
Gostaríamos
de abordar, nesta oportunidade, um tema que julgamos da maior relevância, e
sabemos que foi sempre, aqui nesta Casa, também uma luta de V. Exa., Presidente
Nereu D’Ávila e, também, dos dois dirigentes da Mesa, mais executivos, de V.
Exa. e do Ver. Adeli Sell, e que é objeto de dois Projetos nossos e que
gostaríamos de vê-los amplamente debatidos por ocasião deste ano que anuncia o
Terceiro Milênio. A saber, o Projeto que determina a abertura dos portões do
Mercado Público aos domingos e o Projeto da criação do brique junto ao Largo
Glênio Peres.
Esses
dois Projetos, eminente Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, nós
entendemos que são projetos que poderão representar uma contribuição efetiva
para aquilo que é uma luta de todos nós, Vereadores desta Cidade, que é o
resgate do Centro da Cidade. É através do desenvolvimento de ações e atividades
no Centro da Cidade que resgataremos esse mesmo Centro marginalizado, mas que
mostra muita vitalidade. Essa vitalidade é demonstrada sobretudo pela passagem
anual da Feira do Livro. A Feira do Livro é algo que modifica o perfil da Praça
da Alfândega, dá uma vida e uma dinâmica que mostram que o Centro da Cidade,
sim, o Centro da Cidade é possível se constituir numa realidade efetiva. Essa é
a visão que nós temos. Nós achamos que um dos grandes retrocessos e um dos
grandes atrasos em relação ao Centro da Cidade, que foi responsável pela perda
da substância noturna, sobretudo do Centro da Cidade, foi a implantação, Ver.
Cyro Martini, do calçadão. Porque o calçadão, numa típica imitação tupiniquim,
ele poderia ser implantado, se é que a intenção da autoridade pública naquele
momento era os espaços durante o dia, a abertura de espaços durante o dia para
as pessoas que transitam na Rua da Praia, ele poderia ser feito apenas com a
colocação de dois marcos e uma corrente, fechando o acesso da Praça da
Alfândega durante o dia e era simplesmente baixar as correntes à noite e
estaria resolvido o problema do trânsito privativo e próprio das pessoas,
durante o dia, onde a Rua da Praia, o Centro da Cidade tem um movimento que nós
conhecemos de grande envergadura. Portanto nós achamos, Sr. Presidente, que
temos um compromisso com o Centro da Cidade e eu até digo que o Centro 24 Horas
é uma outra estrutura importante. Gostaria de vê-lo sem o calçadão na Praça da
Alfândega, aonde, naturalmente, ativaria toda aquela região, mas a indicação
foi para iniciar na Travessa Acelino de Carvalho. A minha esperança é de que
ele desça em direção a Praça da Alfândega. Agora, nós estamos preocupados com o
desenvolvimento do turismo e de atividades no domingo, pela manhã, no Centro da
Cidade, aonde há um volume de pessoas que passam por ali, quando elas fazem o
transbordo, inclusive em relação ao transporte coletivo, dirigindo-se da Zona
Norte para a Zona Sul, de transbordo de pessoas que descem do TRENSURB e vão
para a Zona Norte e vão para a Zona Sul, pessoas que vem da Região
Metropolitana por ônibus, que todas passam no domingo pela manhã pelo Centro da
Cidade. Essas pessoas ao natural seriam o público destinado ao Centro da
Cidade, já tendo um volume de pessoas significativo, porque é o que vemos nos domingos pela manhã. Portanto não
se diga que o Centro da Cidade aos domingos é deserto. Ele não é. Naturalmente,
já pelo fluxo do transporte urbano no domingo pela manhã, ele já é uma
realidade, e mais o movimento de pessoas.
Portanto
nós vamos buscar o respaldo e o apoio de V. Exas. a essas duas idéias, à
abertura dos portões. Nós não estamos obrigando ninguém a abrir o seu comércio
aos domingos. Esse é um passo seguinte, até porque o Secretário da SMIC, Milton
Pantaleão, anunciou que, juntamente com a companhia do transporte urbano da
Cidade, vai liberar o trânsito. Isso é uma notícia ótima, porque assim
poderemos, inclusive, ir aos restaurantes do Mercado público, já tendo
estacionamento, porque, estando proibido o trânsito, é impossível chegar-se ao
Centro da Cidade, inclusive aos domingos - o que é surpreendente. Eu fiquei
muito feliz lendo a notícia hoje do Secretário
Milton Pantaleão que está nesta luta pela liberação do estacionamento
nessa área central do Mercado Público.
Portanto,
Sr. Presidente, encerro anunciando essa efetiva intenção com o nosso
Centro da Cidade em buscar o apoio e o respaldo desta Casa através de
todas as Bancadas e dos Senhores Vereadores na luta pela implantação do Projeto
do Brique no Largo Glênio Peres e da abertura do Mercado Púbico aos domingos,
resgatando uma centenária tradição desta Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Todos
nós, Vereadores desta Casa, temos a obrigação de zelar pela instituição. Leio
no Jornal Zero Hora de hoje, na coluna Palavra do Leitor, a opinião de um
Engenheiro de Passo Fundo, Júlio César Dadia: “Louvem-se os veículos de
comunicação que estão comprometidos com a comunidade, mostrando o caso da
Vereadora que provavelmente cobra ‘pedágio’ (tem isto até aqui) dos seus
assessores. Todo o Rio Grande do Sul está de olho na decisão da Câmara de Porto
Alegre. Se o caso não for devidamente esclarecido, tem mais gente com o rabo
preso. E só Deus sabe o que mais ocorre se isso for apenas a ponta do iceberg”.
Acredito
que o Engenheiro que escreveu ao Jornal
Zero Hora dando esta opinião está opinando pelo que ele conhece em sua cidade,
ou no seu círculo de conhecimento. Nesta Câmara de Vereadores, nesta
instituição não costumamos agir desta forma, como insinua o Engenheiro de Passo
Fundo. A Câmara de Vereadores, quando tomou conhecimento da denúncia, agiu
através da Mesa Diretora, da forma mais ágil possível, aquela que é determinada
pelo nosso Regimento. Fomos pessoalmente à RBS buscar a fita, ao mesmo tempo,
mandamos uma notificação para que a Vereadora pudesse esclarecer os fatos, mas
o que não podemos fazer - e este Engenheiro com a sua opinião quer fazer,
pressionando a Câmara - é condenar alguém antes que o processo chegue ao final.
O que temos que fazer aqui é exatamente seguir os passos que o Regimento nos
indica, para que a denúncia possa ser esclarecida, mas não podemos,
pressionados por qualquer setor da sociedade, atropelar o processo e condenar
alguém apenas para satisfazer a sanha de punição que muitas vezes toma conta de
determinados setores da sociedade.
O
próprio Ministério Público - e também está estampado nos jornais de hoje que já
entra neste, louvando-se em uma outra matéria veiculada ontem, às 19h, no telejornal
da RBS, envolvendo a mesma Vereadora -, eu acredito que, o mesmo Ministério
Público, tem todo o interesse em fazer com que esse caso, que nós estamos
investigando aqui na Câmara, seja esclarecido.
Imagine,
Ver. Nereu D’Ávila, como é que nós ficaríamos se, pressionados pela comunidade,
imediatamente, procurássemos punir alguém, e o Ministério Público, apurando os
fatos, chegasse à conclusão de que não era bem assim, de que a Vereadora
acusada não era culpada, como o que
pensa toda a sociedade neste instante. Então, esse cuidado esta
instituição tem que tomar. É claro que temos que apurar - e estamos apurando -
os fatos. A Mesa Diretora já está tomando providências para que haja uma
seqüência de ações, para que os fatos sejam esclarecidos. Mas não podemos
chegar a ações que levem simplesmente a uma punição.
Não podemos nos sentir pressionados por qualquer tipo de opinião que venha de qualquer setor da sociedade. Temos que agir coerentemente, com muita consciência, resguardando os interesses desta instituição, mas ao mesmo tempo sem atropelar a legislação que nos rege, pois isso poderia vir em prejuízo de alguém, em prejuízo de um par desta Casa, que deve ter todos os espaços necessários para apresentar a sua defesa.
Eu
leio esta carta que um leitor manda para o jornal Zero Hora, e respondo neste espaço que tenho na tribuna, afirmando que o
engenheiro de Passo Fundo não precisa ficar preocupado, assim como nenhum setor
da sociedade precisa ficar
preocupado. Esta Casa está tomando todas as medidas necessárias para
averiguação do fato. Agora, não é através das pressões que esta Casa vai
cometer injustiças, e partir para cassações que poderiam não se revelar justas
no futuro. Então, é um trabalho, é um trabalho necessário, é um trabalho que
esta Casa faz, e a sociedade pode ficar tranqüila, pois esta Casa, pelas ações
do passado, já pode respaldar as ações
que está tomando agora e as ações do futuro. Tudo aquilo que for feito será no
sentido de revelar a verdade, tudo aquilo que for feito será no sentido de resguardar
esta Casa, e eu tenho certeza absoluta de que tanto aquela Mesa Diretora que eu
presidi, como esta Mesa Diretora presidida pelo Ver. Nereu D’Ávila, vai tomar
todos os cuidados necessários para que a instituição possa ser preservada. Mas
que não façamos, de forma nenhuma, caça às bruxas somente porque a sociedade,
muitas vezes, através de alguns setores, quer nos pressionar para que tomemos
medidas açodadas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder, pelo PPB.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Sr.
Presidente, na segunda-feira, quando desta tribuna eu saudava a posse de V.
Exa. e o afastamento do nobre Ver. Luiz Braz da Presidência, parece que eu causei
espécie quando dizia que a Lei Orgânica - que nós todos vamos cumprir também -
informa que o Município tem dois poderes: o Legislativo e o Executivo, iguais e
harmônicos, independentes. Eu não vi
nada de mais na afirmação que eu fazia, porque a própria Constituição
traz isso aí. E é tão importante o Legislativo, que na ausência do Prefeito,
este será sucedido pelo Vice-Prefeito; na ausência do Vice-Prefeito, o
Presidente da Câmara assume a Prefeitura do Município; mas na ausência do
Presidente da Câmara, o Prefeito não assume a Presidência da Câmara, pois não
tem esse poder. Vejam como o Legislativo tem, realmente, o poder que se lhe
atribui.
Mas,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não é essa análise do pronunciamento que eu
fiz que me traz à tribuna. Eu reclamei, durante todo o ano passado, e vou
continuar reclamando até que o Tribunal de Contas informe ou, então, eu
encaminho ao Ministério Público, a respeito da indústria da contratação
exercida pelo Prefeito com os seus Secretários.
Nos
últimos trinta dias do ano, nada menos do que cento e trinta e quatro
cartas-contrato foram assinadas, sendo que no dia 31 de dezembro, quatorze
foram as cartas-contrato assinadas. Médicos, enfermeiros, auxiliares de
enfermeiros, monitores, pessoas contratadas para fazer a análise da tuberculose
- não sei que tipo de coisa é essa - sob a égide da emergência ou calamidade
pública, que é o que preceitua a lei.
Eu
não vi nenhum decreto de emergência na Cidade de Porto Alegre nos últimos dez
anos, a não ser no momento em que o Departamento Municipal de Limpeza Urbana
ficou com problema e, então, se fez o decreto.
Agora,
a Prefeitura está em estado de emergência, que significa crise, há dez anos,
e vai para o undécimo ano. Alguma coisa
está errada.
Eu
devo dizer que este ano vou fazer o que fiz sempre e o que também disse no meu
pronunciamento, pois a primeira e grande missão do legislador é fiscalizar o
cumprimento da lei. Estou anunciando à Casa, para que não sejam surpreendidos,
para que não me digam depois que não é
o que está escrito e que interpretem diferente a Lei Orgânica, que no dia 28 de
janeiro eu quero ler no Diário Oficial o balancete do mês de dezembro. A Lei
Orgânica é clara, precisa, concisa e necessita ser respeitada até o 28º dia. Se
o 28º cai no sábado ou no domingo, é até esse dia.
Eu
quero ver o balancete do mês de dezembro. E não venham os doutos desta Casa me
agredir outra vez dizendo que eu não sei ler a Lei Orgânica e que o dia é 15 de
abril. Não! É até 28 de janeiro, até 28 de fevereiro, até 28 de março, etc.
No
dia 15 de abril deve-se apresentar o balanço da Prefeitura do ano todo, e
talvez aí se descubra onde foram gastos e como foram pagos todos os gastos com
publicidade, porque, na minha soma, cinco milhões e cem mil reais estavam
destinados à publicidade da Prefeitura na Centralizada e nas autarquias, mas só
no “Cidade Viva” gastaram mais do que isso. Ora, há os editais, os jornais da
Prefeitura, os jornais das secretarias, há os cartazes e uma série de outras
matérias que são veiculadas constantemente. Isso eu vou fiscalizar com muito
rigor. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero
agradecer ao Ver. Guilherme Barbosa pelo tempo que me cede. Nós, que somos uma
Bancada bastante representativa nesta Casa, temos, agora, a dupla
responsabilidade de, em nível local, responder questões do nosso Governo da
Administração Popular, dirigida pelos companheiros Raul Pont e José Fortunati,
bem como questões do Governo do Estado, pelos companheiros Olívio Dutra e
Miguel Rossetto.
Antes
de responder algumas questões locais,
cabe lembrar que em São Paulo, no centro nervoso do nosso País, a situação se
agrava, como se agrava a situação do povo do Chuí ao Oiapoque, nos quatro
cantos deste País. A crise é grande e o desemprego aumenta. Os metalúrgicos da
Ford estão voltando hoje de manhã, mesmo tendo recebido uma carta que os coloca
no olho da rua. Insistem, corretamente, com a liderança de Vicentinho, de
Marinho e outras lideranças dos metalúrgicos, em voltar a trabalhar, para
mostrar a esse Governo que é preciso
garantir emprego, porque foi essa a proposta de campanha de Fernando Henrique
Cardoso.
Aqui
em Porto Alegre, o Ver. João Dib, sempre vigilante, lembra-nos da Lei Orgânica
do Município. Não é necessário lembrar, Ver. João Dib, que o Secretário da Fazenda que agora
assume, o nosso companheiro Odir Tonollier, será observador, como deve ser
observador todo membro do Executivo,
para cumprir as normas legais. Sempre apresentamos balancetes, que, por vezes, são entregues dois, três
dias antes do prazo, que é dia 28 de cada mês, apresentando, de forma
transparente, as contas da Administração Pública Municipal. Faremos isso até o
dia 15 de abril, com o balanço do ano de 1998. Tenho certeza de que todos
vamo-nos orgulhar do balanço da
Prefeitura de Porto Alegre, um balanço que mostra uma estabilidade nas nossas
contas, diferentemente da grave situação em que vivem hoje os estados
brasileiros, endividados, alguns
comprometidos com 10, 15% dos seus orçamentos
em pagamento de dívidas ao Governo Federal, aos mais altos juros do mundo. Estamos cumprindo todos os
compromissos que assumimos junto ao Banco Mundial, junto ao BRDE, junto a
todas as instituições de financiamento, que são extremamente
importantes para a Prefeitura de Porto Alegre, porque através do fundo PIMES e
outros fundos, estamos fazendo obras importantes na nossa Cidade. Quanto à
contratação de funcionários, pelo que me lembro da Constituição Federal, a saúde
é um dever do Estado e um direito de todos os cidadãos, e vimos, em
muitos lugares, inclusive em Porto Alegre - e não temos o domínio completo
sobre todos os hospitais - mulheres tendo filhos em portas de hospitais. Mas
aqui em Porto Alegre temos feito um grande esforço, e temos, para o orçamento
deste ano, quase oitenta milhões de
reais de dinheiro arrecadado em Porto Alegre para a saúde, além das verbas do
SUS. E agora, que somos Governo do Estado, queremos fazer valer essa condição,
cobrando do Governador Olívio Dutra, como cobramos de outros governadores, a
parceria necessária que o SUS fez para trazer aquela parcela para a saúde
pública do Município. A começar com uma ajuda ao Pronto Socorro, onde 54% das
pessoas atendidas são provenientes do interior do Estado.
Portanto,
Ver. João Dib e Srs. Vereadores, nós estamos atentos. É correto que os
Vereadores desta Casa estejam atentos, porque além do papel de legisladores e
além de fazer leis - e nós queremos muitas e boas leis - também queremos
cumprir com o nosso papel de
fiscalizadores. O senhor faz o seu papel, e nós estamos fazendo o nosso
enquanto legisladores e executores das políticas do Município e do Estado.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero
retomar aqui um tema que já foi colocado por alguns Vereadores que me antecederam
e que se refere à questão do Centro de Porto Alegre. Esta Casa, através de uma
Comissão Especial, trabalhou a necessidade da revitalização do Centro, tendo em vista a grave situação de abandono
que vive ainda essa área de Porto Alegre. A nossa Comissão de Educação e
Cultura da Casa esteve visitando a Praça XV e suas imediações, tendo em vista
uma série de denúncias e de solicitações da comunidade que pedia a atenção
desta Casa para o Centro de Porto
Alegre, considerando a dificuldade que a população tem de chegar até o Centro
da Cidade, por falta de possibilidade de estacionamento, pela questão da falta
de segurança e também porque nas principais praças do Centro não há uma
infra-estrutura necessária para que as pessoas possam ir, principalmente no horário
da noite, nos fins de semana, nas regiões que oferecem serviços e que não são
acessadas pela população, tendo em vista às condições difíceis, principalmente
no inverno, onde a lama ocupa todas as ruas que cercam a Praça XV e outras
praças do Centro da Cidade.
Portanto,
é muito importante as notícias que saem, hoje, na imprensa, a respeito das
iniciativas, por enquanto ainda teóricas, do Poder Executivo Municipal em
relação à recuperação do Centro de Porto Alegre.
O
Centro de Porto Alegre precisa, evidentemente, de um grande projeto de
restauração, não apenas de um projeto que trabalhe a questão das fachadas, mas
que trabalhe, também, a restauração da infra-estrutura da Cidade. Nós, como
Câmara, seguramente vamos acompanhar este processo, porque é uma reivindicação
da população de Porto Alegre para que a população possa voltar a ocupar o
Centro, a partir de um projeto de humanização, de revitalização e de criação da
infra-estrutura necessária para que a população possa ocupar o conjunto da
nossa cidade.
Eu
acredito, também, que uma outra preocupação que está expressa hoje, através da
imprensa, é a questão do trânsito de Porto Alegre que tem sido um dos temas
mais preocupantes para a nossa Câmara, porque é, também, preocupante para a
nossa população. Vimos a decisão de que os já conhecidos “azuizinhos” venham a
ter uma ação mais efetiva durante o período da noite. Achamos fundamental que a
nossa Cidade tenha maiores cuidados com o
trânsito, no período da noite, mas a nossa expectativa é de que alguns erros
que têm sido apontados, aqui desta tribuna, em relação ao tipo de procedimento
do trânsito de Porto Alegre, não se repitam no horário da noite, que não apenas
os “azuizinhos” tenham uma ação fiscalizadora, mas que o Poder Público
Municipal desenvolva ações de educação para o trânsito, de orientação para a
população, porque estas questões são fundamentais para o melhoramento do Centro
de Porto Alegre e, também, para o desenvolvimento do Centro no conjunto da
Cidade.
Durante
este ano, seguramente, nós teremos a possibilidade de discutir estas questões
da nossa Cidade, que são questões importantes para os porto-alegrenses, mas,
também, de travarmos, aqui, o debate político em relação às ações do Governo do
Estado que influem na nossa Cidade. Temos a expectativa de que o Rio Grande
continue o seu processo de crescimento, o seu processo de desenvolvimento.
Estamos,
portanto, aguardando, efetivamente, concretamente que o nosso Governo se
instale e, não apenas, prorrogue essa fase de investigações, de denúncias e de
tentativa de confundir a opinião pública, mas que comece, na prática, a colocar
o seu projeto que foi vendido no processo eleitoral. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Requeiro, Sr. Presidente, que ao
entrarmos no Ordem do Dia, apreciemos, em primeiro lugar, um ofício do Sr.
Prefeito Municipal comunicando a viagem do Sr. Vice-Prefeito à cidade de
Sevilha, na Espanha, em um encontro mundial de cidades.
O SR. PRESIDENTE: Sim, Ver. Juarez Pinheiro, logo após a
verificação de quórum para entrarmos
na Ordem do Dia, colocaremos o seu requerimento em votação.
Havendo
quórum, passamos à
Em
votação o Requerimento do Ver. Juarez Pinheiro. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC.
Nº 116/99 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 002/99, que autoriza o Senhor Vice-Prefeito
Municipal a ausentar-se do País, no período de 19 a 30 de janeiro de 1999.
- da CR, pela aprovação, com o PDL nº 002/99; Relator Ver. Juarez
Pinheiro.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PDL nº 002/99. O Ver.
João Dib está com a palavra para discutir.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
inicia-se o ano e inicia-se o turismo prefeitural. Eu já havia alertado que a
cada cinco dias o Prefeito de Porto Alegre viaja um, contando sábado e domingo.
Agora o Vice-Prefeito se prepara para uma viagem a Sevilha - desta vez o
Projeto está bem instruído, com uma programação que estou vendo em primeiro momento - e Barcelona.
Essa
solicitação de viagem de S. Exa., o Vice- Prefeito, me reporta àquela viagem da
Copa do Mundo, onde o Prefeito de Porto Alegre, desrespeitosamente, agrediu a
Câmara Municipal, praticamente, dizendo que os Vereadores eram desnecessários,
apenas recebiam o salário, e que o Orçamento Participativo é que funcionava.
Naquela época nós dizíamos que as duas viagens, a do Prefeito e Vice-Prefeito
poderiam ter sido uma só, mas o turismo tem que ser dividido. Aqui está a prova
de que poderia ser uma só, são duas datas diferentes, dois locais
diferentes e não duas viagens
diferentes, tudo na mesma viagem, mas se inicia o turismo. Eu não tenho condições de uma análise mais profunda do
que foi solicitado, porque foi pedido
urgência na votação e já está sendo votado. Eu não li o programa, vou
ler com calma, mas tenho minhas
dúvidas de que Porto Alegre haverá de
ganhar muito com o que aqui está solicitado. Eu tenho minhas dúvidas de que
Porto Alegre, através da Administração Prefeitural, aprenda lá que a Lei
Orgânica deve ser respeitada.
Como
aqui disse o Ver. Adeli Sell, há poucos minutos, a Prefeitura aplica na saúde o
que determina a Lei Orgânica. Não é
verdade. A Comissão de Justiça, por
unanimidade, dizia que os 13% se referiam ao Orçamento Global da Prefeitura, e lá participavam dois Vereadores do PT, José Valdir e João Motta. A Comissão
de Justiça, por
unanimidade, disse que eram
13% do Orçamento Global,
incluindo as autarquias. Talvez,
depois da viagem, o Prefeito ou o Vice-Prefeito voltem com a intenção de
cumprir a Lei Orgânica e não de dizer
todas as vezes que aplica 80 milhões de recursos próprios na saúde, quando a
Lei Orgânica diz que deveriam ser 100
ou 110 milhões. Não é muito mais, mas é a lei e deve ser cumprida.
Agora, os convites que se fazem para viajar ao exterior - as viagens ao exterior sempre fazem muito bem para quem viaja - às vezes trazem até novos conhecimentos, mas não trazem aquela coisa que no exterior existe muito: o absoluto cumprimento da lei. Aqui a lei está feita para ser fraudada, como é o caso da aplicação dos 13% do Orçamento Global na saúde, que não é respeitada. O Ver. Adeli Sell diz que o Secretário, talvez o Prefeito ou Vice-Prefeito aprendam, cumpre o preceituado na Lei Orgânica quanto à prestação de contas mensal. Não é verdade! A Lei Orgânica diz: “Arrecadação e despesa do mês, até o mês, e o orçado para todo o ano”. E nenhuma vez saiu isso.
Então,
perdoem os senhores integrantes da Bancada do PT, perdoe meu querido amigo,
Ver. Adeli Sell, mas a Lei Orgânica tem que ser melhor aplicada. E é provável
que nesta viagem de turismo a
Prefeitura aconteça. Mas tenho a absoluta convicção de que o Vice-Prefeito José
Fortunati não fará uma declaração contrária a este Parlamento que é o orgulho
de todos nós. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
gostaria de hoje, nesta manhã, falar de uma coisa muito agradável, até pela
palavra, chama-se turismo. Eis aí um dos grandes paradoxos desta Cidade, algo
profundamente inexplicável. Se o Prefeito de Porto Alegre, cognominado de
Prefeito turista, é o Prefeito que mais viaja na história de Porto Alegre, por
que o Prefeito turista odeia turismo e turista? Esse é o paradoxo. Eu gostaria
que a Bancada explicasse, por exemplo, o conteúdo de hoje, da folha 4, do
Correio do Povo desta Cidade: “Porto Alegre Turismo ...”
O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
há pouco ouvi que V. Exa. exigirá que o tempo seja rigorosamente obedecido e,
também, o nosso Regimento determina que os encaminhamentos sejam exatamente
sobre o objetivo da proposta. Não é o que está acontecendo com o orador, e
já aconteceu com o orador anterior.
Então eu gostaria que V. Exa. chamasse a atenção do orador na tribuna.
O SR. PRESIDENTE: Então
eu solicito ao Ver. Cláudio Sebenelo que se atenha à matéria, no caso a
discussão é sobre a viagem do Vice-Prefeito. Se V. Exa. está “ad argumentum”,
enquadrar-se-ia no Regimento, senão eu pediria a V. Exa. que se restringisse à
matéria.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Indiscutivelmente, não só “ad argumentum”, mas se o pressuroso Ver. Guilherme
Barbosa honrar-me ouvindo-me até o
fim, vai ver que tem um nexo muito
grande entre o que eu estou dizendo e a viagem do Sr. Vice-Prefeito, pessoa
sobre a qual tenho o maior apreço e sei da importância, muitas vezes, de uma
viagem a uma cidade onde é sede o evento, inclusive são dois eventos, em duas
cidades, com cinco dias de diferença entre um e outro. Nós somos totalmente
favoráveis a que Porto Alegre seja sempre muito bem representada, mas também,
Sr. Presidente, e Srs. Vereadores, nessa
representação, na verdade, o ônus para a Cidade é bem menor, porque as
passagens de avião são por conta dos patrocinadores, por isso vou votar a favor
da licença. Mas eu quero só que no momento em que viajem, turismo,
comparecimento de autoridades, tudo isso é um assunto só, todos eles têm nexo e
todos eles têm uma visão integrada, principalmente quando se representa uma
cidade como Porto Alegre, que fiquemos sabendo, no balanço e, isso é
importante, no somatório de todas as viagens executadas pelo Sr. Prefeito e Sr.
Vice-Prefeito, que quase permanentemente representam Porto Alegre no Exterior,
de saber o quê, quanto e como os conhecimentos auferidos dessas viagens foram
usufruídos pela Cidade de Porto Alegre. A representatividade, ela é importante!
Tem legitimidade, representatividade as pessoas que viajam? Sim. E o que nos
foi devolvido com relação a isso? O
titulo dos seminários, um deles, no dia 28, 29, um deles o “Seminário
Europa, más Ciudad, más participación”, na cidade de Barcelona, na Espanha.
Evidentemente
gostaria muito que o Sr. Prefeito e que o Sr. Vice-Prefeito, ao representar a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre junto a comunidades européias, que pelo menos fizesse lá o mesmo discurso
que fez aqui, elogiando a Câmara, e não confundindo as coisas como tem sido
feito pelo Sr; Prefeito. O Sr. José Fortunati, Vice-Prefeito de Porto Alegre -
pessoa pela qual tenho o maior apreço e acho que tem grande representatividade
e faz um trabalho magnífico como Vice-Prefeito - além de comparecer aos
seminários terá esse imenso trabalho de desfazer essa má impressão que o “Le
Monde Diplomatique” plasmou para todo o
mundo, e que chegou até a esta Câmara, quando o Prefeito dizia que talvez não
houvesse muito trabalho aqui e as coisas ficavam mais por conta do chamado ‘OP’
do que propriamente do trabalho desta Comissão Representativa, desta Câmara de
Vereadores, do trabalho de um ano inteiro e de todas as disputas e debates que
aqui ocorrem, intensas, competentes e que honram a tradição desta Casa, que
representa uma cidade extraordinária, como é Porto Alegre, e que é paradigma
para outras Câmaras, exemplo para o País. Quero que isto seja dito no Exterior,
não só como uma atitude de justiça, mas principalmente como resgate de uma
péssima impressão que foi espalhada, como um travesseiro de penas, em uma das
mais civilizadas e críticas opiniões públicas do mundo, que é a França, no seu
periódico “Le Monde”, no seu encarte “Le Monde Diplomatique”. Isso não vamos
aceitar. E cada vez que houver uma viagem nós voltaremos a esta tribuna e
enfatizaremos que há necessidade deste resgate. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
discutir.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quando o
nobre Líder do PT, Ver. Guilherme Barbosa, comunicava, de maneira muito gentil,
que o Sr. Vice-Prefeito de Porto Alegre estaria pedindo uma autorização para
esta Casa para viajar à Espanha, a primeira coisa que me ocorreu é que ele tem
toda a legitimidade para representar a Cidade nos eventos que acontecem em
qualquer ponto do mundo. Mas quando tomei conhecimento do processo, Ver.
Guilherme Barbosa, fiquei boquiaberto com a solicitação que estamos votando
agora. Imaginem os Srs. que o Sr. Vice-Prefeito vai viajar durante 11 dias pela
Espanha neste mês de janeiro! Eu pergunto à sociedade e aos Srs. Vereadores,
qual o cidadão que não gostaria, neste mês de janeiro, que é um mês muito
especial, de passar 11 dias num país tão bonito como a Espanha? Eu duvido que
algum cidadão, algum Vereador, não gostasse de ir à Espanha. Mas o Ver.
Guilherme Barbosa e os Vereadores petistas poderiam argumentar que o Sr.
Vice-Prefeito vai com as passagens pagas. E o cidadão que está me assistindo
diz: “eles querem mesmo a presença do Sr. Vice-Prefeito, porque estão até pagando
a sua passagem”. Só que quando verificamos mais o processo, observamos que o
Seminário, Ver. Isaac Ainhorn, nós vamos ter seminário durante cinco dias. O
que está sendo pedido aqui neste
Processo são diárias para onze dias, significa que a Cidade de Porto Alegre, se
nós votarmos este Projeto tal qual está aqui, estará patrocinando um turismo
para o Vice- Prefeito, pelo menos por seis dias, porque os cinco dias de
seminário poderíamos até concordar que fosse interessante para a Cidade, que
houvesse a representação da Cidade neste Seminário durante estes cinco dias,
onde questões estarão sendo discutidas, não sei se interessantes para a Cidade
ou não, mas resolveu a Administração da Prefeitura Municipal, que seria
importante que ele comparecesse. Mas o que não é justo é que a Cidade pague as
diárias pelos outros dias, pelos seis dias restantes. Porque nós sabemos que
quando saímos de avião, temos toda a
mordomia do avião, vamos tomar café, vamos almoçar, vamos jantar, tudo pela
companhia aérea. Quando chegamos lá, se realmente os promotores do evento
querem muito receber o Sr. Vice-Prefeito, estarão esperando-o, do contrário,
para que ir até lá, senão não tem justificativa, não tem porque ir. Então eles
estarão esperando o Sr. Vice-Prefeito, vão pegar o Sr. Vice-Prefeito, vão
colocá-lo num carro último tipo e vão levá-lo até o hotel. Então até aí não tem
gasto, absolutamente nenhum. A partir daí os dias de Seminário, são dias que
nós podemos considerar dias trabalhados, são dias em que o Senhor Vice-Prefeito
vai trabalhar. Então vamos dizer que até haja alguma justiça, que o Município
pague as diárias para que o Sr. Vice-Prefeito possa trabalhar; agora, os outros
dias Ver. Paulo Brum, os outros seis dias que a Cidade está pagando, aí não, aí
já entra a parte de turismo, e eu acho que a sociedade não pode pagar para que
o Administrador da Prefeitura faça turismo na bela Espanha. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para discutir.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Estamos
votando uma autorização para o Vice-Prefeito José Fortunati viajar a Sevilha,
Espanha, no dia 19 de janeiro, pela
manhã, e retornar no dia 30 de janeiro, à noite, para participar da reunião da
Comissão Executiva da Federação Mundial de Cidades, que se realizará nos dias
21, 22 e 23 de janeiro. E nos dias 28 e 29 no Seminário Europa “Mais Cidade,
mais Participação”, na cidade de Barcelona. Esse é o objeto da autorização
legislativa que está sendo submetida a esta Comissão Representativa.
Eu
observo que o eminente Líder do PTB, meu prezado ex-Presidente Luiz Braz,
encontra-se analisando esse Projeto de autorização legislativa para a viagem do
Vice-Prefeito José Fortunati com muito rigor, um rigor mais exagerado do que o
normal e até gostaria que os seus pares e os companheiros de partido na
Assembléia Legislativa, tivessem essa mesma firmeza com o ex-Governador Antonio
Britto, assim como V. Exa. está atento com o nosso Vice-Prefeito José
Fortunati.
Ora,
se há coisa que eu saúdo e que são
importantes para a Cidade de
Porto Alegre, para o Estado e para o País, são viagens de estudos, de
trabalhos, de seminários, e temos que
acabar com esse preconceito. Não precisa-se tornar nenhum Marco Pólo, quer
dizer, o viajante permanente, mas, no momento em que uma autoridade do
Executivo ou do Legislativo viaja, avaliando os benefícios que são trazidos ao
Estado, eu quero que esses estudos façam com que o Vice-Prefeito traga a Porto
Alegre projetos para os próximos 30 anos, porque esse projeto que está sendo
implementado agora pela Administração Municipal, da III Perimetral, é um
projeto que foi construído nos últimos 40 anos, e que o seu desaguadouro foi
agora, na atual administração, porque a Prefeitura da Cidade de Porto Alegre é uma continuidade, é uma
sucessão de prefeitos que vão se alternando democraticamente. Só não
foi, evidente, no período do autoritarismo, a natureza do preenchimento da vaga
do alcaide é diferente. Agora, veja V. Exa. que ele vai participar de dois
eventos: o primeiro é nos dias 21, 22 e 23 de janeiro e o segundo é um seminário, ambos na Espanha, nos dias 28 e
29. Então, ele teria que voltar e ir novamente, porque daí se completam os onze
dias do cálculo.
Eu
até vou fazer votos para que nesse interregno entre Sevilha e Barcelona o nosso
simpático Vice-Prefeito, José Fortunati, encontre, nesse meio tempo, o nosso
ex-Governador que já está numa viagem de estudos.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, V. Exa. falou que o Vice-Prefeito pode trazer
conhecimentos novos à Cidade e citou a Perimetral. Ela já está toda aberta,
precisa ser ampliada, tem trechos prontos, e foi na época em que V. Exa. chama
de autoritarismo, não, era época de autoridade, lá se fizeram as obras, agora
não.
O SR. ISAAC AINHORN: Vereador, eu até saudei e disse que a
III Perimetral foi um projeto que começou a ser projetado há quarenta anos
atrás e está sendo concluído, hoje, na administração do PT. Eu quero que o
Vice-Prefeito José Fortunati, que o Prefeito Raul Pont vão ao exterior e tragam
idéias, projetos para serem implementados com recursos internacionais a fim de
fazermos novos projetos para 2005, 2010 e que sejam implementados até 2015,
2020. Aliás, esse é um dos equívocos de uma administração que não pensa no
futuro da Cidade de Porto Alegre. Agora, encerro, Sr. Presidente, mais uma vez,
saudando e dizendo que ele não pode ir e voltar no interregno e voltar
novamente; tem um espaço de dois ou três dias e nós não vamos obrigá-lo a
retornar a Porto Alegre para, então, voltar novamente a Barcelona depois de ter
ido a Sevilha.
Portanto,
a Bancada do PDT, mesmo em discussão, uma vez que se encontra em discussão este
Projeto e não em encaminhamento, vota favoravelmente à necessária autorização
do Legislativo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
surpreendente como em cima de um Projeto simples como este e importante para a
Cidade, faz-se uma série de afirmações como a de que o nosso Prefeito viaja
muito. Se é assim, ele sempre viaja com a autorização da Câmara. Alguns
Vereadores se autocriticam, mas se formos ver os votos eles são, quase sempre,
favoráveis. É uma situação “sui generis”, porque a Câmara autoriza e depois
critica pela viagem. Não podemos trabalhar dessa forma!
Da
mesma maneira tenta-se repetir, várias vezes, uma interpretação para verificar
se ela vira verdade. Refiro-me à entrevista que o Prefeito deu ao Jornal “Le
Monde”, onde ele colocou o que ouvia de pessoas sobre o Orçamento
Participativo. Não era a opinião do Prefeito!
Eu
que acompanho a vida da Cidade de Porto Alegre há mais de 20 anos, desde que
aqui vivo, com muita satisfação, ouso dizer que o Prefeito Raul Pont talvez
seja o Prefeito que mais visita a Câmara de Vereadores. Ora, como alguém
menosprezaria esta entidade se ele está tantas vezes aqui presente, como o fez
na segunda-feira que passou?
O
Projeto que está sendo votado para autorizar a viagem do Vice-Prefeito tem o
objetivo de autorizá-lo a ir a dois eventos. Inicialmente, na cidade de
Sevilha, numa reunião da Comissão Executiva - olha a importância da representação da nossa Cidade - da Federação
Mundial de Cidades, que transcorrerá no período de cinco dias. Depois o nosso
Vice-Prefeito irá participar de um seminário para discutir o tema da
participação popular - e acho que aí é que está a questão, porque alguns
procuram forma de fazer crítica, quando na
verdade é esse o centro da questão. Todos sabem que Porto Alegre é
destaque mundial no aspecto da participação popular, através do nosso Orçamento
Participativo e, nesta vez, na cidade de Barcelona. O que o Município vai
gastar? Os promotores dos eventos fornecerão as passagens. O Município de Porto
Alegre, se a viagem do Vice-Prefeito for autorizada pela Câmara, irá pagar onze
diárias, num total aproximado de quatro mil e oitocentos reais. Há um interregno de cinco dias entre um
evento e outro. Ver. Luiz Braz, se o nosso Vice-Prefeito voltasse a Porto
Alegre e retornasse a Espanha, só de passagem gastaria mais do que as
diárias da própria viagem para permanecer na Espanha. E
os dois eventos são importantes.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, é claro que não aventei a hipótese
de o Vice-Prefeito voltar para depois retornar. Mas já que ele fará atividades
do interesse do Partido dos Trabalhadores, o Partido que pague esse interregno,
período em que o Vice-Prefeito fará apenas turismo. Acho que os cinco dias de
seminário, tudo bem, mas esse interregno, é de interesse do Partido dos
Trabalhadores que ele permaneça lá.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Que eu saiba, Ver. Luiz Braz, o PT só existe no Brasil, não existe
na Espanha. E é a Espanha que está nos
convidando para um seminário na Europa, em Barcelona, Espanha, sobre
esse tema: “Mais cidade, mais participação”. É de interesse da Cidade, e V.
Exa. possivelmente não tem acompanhado
o debate, que hoje é mundial. Não é à toa
que muitas cidades, do mundo inteiro, vêm a Porto Alegre conhecer o
nosso processo, o processo da participação popular, da democracia
participativa. É um processo que não tem volta e que só tem a crescer. Esse é
um interesse de todo o mundo, de quem discute política, de quem pensa a respeito de política. Ontem obtive a
informação de que a Governadora Roseana Sarney vai implementar em seu Estado, o
Maranhão, o Orçamento Participativo. Então essa é uma discussão do mundo
inteiro, isso não é do interesse somente do PT. O Senhor reduz muito a
discussão, portanto é do interesse da Cidade. Não podemos ficar em uma posição
obscurantista de que não devemos sair de nossa Cidade. Nós temos de aprender
com as outras cidades, com outros
países, assim como eles têm muito a aprender conosco. Essa troca de
experiência nos faz avançar. O que o
Município vai gastar por esse avanço da democracia? Quatro mil e oitocentos
reais. É isso que está em jogo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o meu
colega Ver. Guilherme Barbosa apreendeu bem qual é o centro da divergência, que
não é aquilo que o meu pai costuma chamar de miudagem que trazem aqui para o
debate, quando falam sobre diárias, até porque se esse fosse o tema, isso teria
de ser aplicado à Câmara de Vereadores. Então o Ver. Luiz Braz, enquanto Presidente desta Casa, não poderia ter
autorizado as mordomias que ele classificou aqui de viagens, enquanto está dentro do avião com toda a
mordomia, como ele colocou, ter direito a diárias que esta Câmara pagou. Se
isso vale para o Executivo deveria valer para o Legislativo, e o Ver. Luiz Braz
autorizou isso aí.
O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, vou suspender o tempo
de V. Exa. Informo que enquanto este 1º Vice-Presidente estiver dirigindo os
trabalhos, vai manter, até que haja uma deliberação posterior da nossa Mesa,
juntamente com as Lideranças, o critério que vinha sendo utilizado de que
questão de ordem só seria utilizada após o término da intervenção do Vereador
que está na tribuna. Por isso, Ver.
Luiz Braz, não vou receber, neste momento,
a Questão de Ordem de V. Exa, mas se a Mesa, junto com as Lideranças,
entender que o critério que vinha sendo utilizado deva ser alterado, então vou
submeter-me a essa decisão maior. Tão logo termine a intervenção do Ver. José
Valdir, vou conceder a V. Exa. a sua Questão de Ordem.
O SR. JOSÉ VALDIR: Mas não é esta a preocupação, do número
de diárias, isso é tergiversar sobre o assunto. Como disse o Vereador que me
antecedeu, é extremamente desproporcional, barato em relação à importância dos
dois temas que serão abordados em dois encontros. E seria completamente
ridículo se propor - e ninguém propôs aqui, mas deduz-se que isso poderia ser
feito - ir para um encontro, voltar e, depois, ir de novo para o outro
encontro.
O
cerne da discussão é a questão da participação popular. A oposição ainda não
entendeu que participação popular, neste final de milênio, é tão importante no
mundo inteiro que todas as democracias, hoje, colocam, na pauta do debate
político, a questão da democracia participativa. Esta questão da democracia
participativa, neste final de século é tão importante quanto foi a questão da
democracia representativa no final do século XVIII. Esta é a grande evolução da
democracia neste final de milênio: colocar, ao lado da democracia
representativa, que foi uma conquista da revolução burguesa, a democracia
participativa. Este é o grande debate que todo o mundo está fazendo. Só alguns
Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre não entenderam que este debate é
central para a humanidade. Até o próprio Antônio Britto tentou imitar o
Orçamento Participativo, reconhecendo a importância que tem a discussão deste
tema. Então, o dodói todo é porque o Vice-Prefeito, num dos encontros,
justamente no segundo encontro, vai debater um tema que não é do PT. Se as
entidades espanholas quisessem discutir com o PT, chamariam o PT e, provavelmente,
o Ver. Guilherme Barbosa ou o Júlio Quadros, para representar o Partido. Eles
querem discutir a experiência na Cidade de Porto Alegre, nesta
administração. Hoje esta questão do Orçamento Participativo já está incorporada
na cultura política desta Cidade, Vereador. Qualquer governo que vier depois do
PT - e isto não deverá ocorrer nas
próximas décadas - tem que levar em conta a questão do orçamento participativo,
da democracia participativa, porque isso se incorporou à cultura política desta
Cidade, tem que, pelo menos, dizer alguma coisa a respeito desse elemento novo
que introduzimos, nós, não só a Administração Popular, mas os partidos de
esquerda, na cultura política de Porto Alegre. Não podemos desconhecer, seria
uma grande estreiteza política ignorar esse fato que em Porto Alegre se
incorporou a nossa cultura política e que em nível mundial, hoje, é o grande
tema do debate político.
O
nosso Vice-Prefeito não vai para lá para fugir do debate, não vai para lá para fugir de compromissos que teria
aqui, como fez o ex-Governador, recentemente, que fugiu do enfrentamento do
debate político, pelo contrário, ele vai para lá para debater, para levar a
nossa experiência, para incorporar à experiência da Espanha. Isso é importante
para a Cidade, tão importante quanto o é quando os Vereadores vão participar de
eventos, seminários, em nível internacional, e esta Câmara aprova sob o
argumento de que isso é importante para a Cidade de Porto Alegre. Pois é o caso
aqui: a participação do Executivo nesse debate é importantíssimo para a
Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Ver. José Valdir, no
seu desejo incontido de atacar este Vereador, acabou passando uma falsidade
para o Plenário. Quem autoriza viagens de Vereadores não é o Presidente. Quem
autoriza viagens de Vereadores, quando pagas, é o Plenário. O Vereador é
obrigado a pedir para o Plenário e dizer, inclusive, a quantia que vai ser
gasta, para que o Plenário autorize, não o Presidente da Casa. Portanto, este
Vereador, quando Presidente, não autorizou nenhuma viagem; o Plenário, sim.
O SR. PRESIDENTE: Eu entendo que não se trata exatamente de
uma Questão de Ordem e que a crítica política feita pelo Ver. José Valdir
poderia ter sido respondida pelo Ver. Luiz Braz de outra forma. De qualquer
forma, foi dado o esclarecimento.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra ...
O SR. JOSÉ VALDIR: O Ver. Luiz Braz até pode ter razão nesta
questão jurídica, agora, nunca vi o Vereador posicionar-se como se posicionou
aqui em relação às diárias dos Vereadores para que participassem de eventos
semelhantes.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, vou aproveitar a sua
intervenção para fazer um apelo aos senhores Vereadores para que não
continuemos a tratar de opinião pessoal ou fazendo intervenções absolutamente
anti-regimentais, que não cabem no Regimento. Este Presidente fica constrangido
em ter que cortar a palavra de V. Exas. Peço a colaboração para nos limitarmos aos
termos do Regimento.
O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PDL nº 002/99.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
verdade, eu não ia manifestar-me sobre esta matéria, pois o Líder da nossa
Bancada, Ver. Guilherme Barbosa, encaminharia o tema.
Ontem,
nesta Casa, foi realizada uma cerimônia em que tomaram posse os novos
diretores, sendo que alguns permaneceram em seus cargos. Naquela ocasião, Ver.
Luiz Braz, eu fiz, “interna corporis”,
um elogio a V. Exa., dizendo que muito me honrou participar da Mesa dos
trabalhos com V. Exa., que muito aprendi e que numa eleição pautada por dois
projetos absolutamente antagônicos, V.Exa., na direção dos trabalhos, portou-se
como deve portar-se alguém que ocupa o
cargo de Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Fiz aquele elogio
e o repito publicamente neste Plenário.
Lastimavelmente,
como tive a coragem de fazê-lo sendo de um campo político absolutamente oposto
ao seu, eu faço agora uma crítica a V. Exa., uma crítica dizendo que V. Exa.
rebaixou o debate quando tratou da viagem do Vice-Prefeito. Possivelmente, o
adesivo que já circula na Cidade -
“Braz / 2002” - tenha sido a base material para que V. Exa, que sempre se
porta, quando ocupa a tribuna, com
correção, inclusive respeitando as pessoas que critica, tenha feito um rebaixamento da forma que
fez. Nós não estamos aqui brincando. Eu tenho dito que a transmissão feita por
televisão a partir da Mesa anterior e
que recebeu ainda maior qualificação
na Mesa presidida pelo Ver. Luiz
Braz, tem democratizado o debate
político da Cidade, faz com que a Cidade tome conhecimento daquilo que aqui é
discutido. Alguns Vereadores - não é o caso de V. Exa., mas hoje o foi - talvez não tenham aprendido ainda que não é usando a tribuna a todo momento, que não é usando a
tribuna para fazer proselitismo,
algumas vezes até de forma eleitoral,
que a comunidade vai respeitar os membros do Poder Legislativo.
O
mundo tem claro que hoje tudo acontece nas cidades. Na América Latina, nós
lideramos a questão das mercocidades;
nós temos, na Espanha, um encontro da maior importância. Hoje o
modelo econômico-social vigente em todo o mundo, com o qual nós não
concordamos, faz com que todas as coisas recaiam sobre os municípios. A União, os Estados, as províncias retiram
recursos e passam para os municípios as
incumbências que antes eram suas, de atendimento dos serviços públicos. Nós
temos liderado, na América Latina, desde o Governo de Tarso Genro e, agora, com
mais qualificação, no Governo de Raul Pont, a questão das mercocidades.
Trago
um exemplo um pouco chulo aqui, mas,
talvez, para alguns, essa parábola
possa retratar por que Porto
Alegre é tão convidada. Se pegarmos
Grêmio, Internacional, Santos, Palmeiras,
veremos que são times que
disputam a Libertadores, que disputam o Campeonato Nacional, a Copa do
Brasil, os campeonatos regionais. Se
pegarmos o São José, o meu time, da
Zona Norte, veremos que não conseguimos disputar nem o Campeonato Gaúcho
- infelizmente, mas vamos chegar lá.
Porto Alegre não tem culpa de ser hoje uma Cidade para a qual o mundo inteiro
olha. Porto Alegre faz com que cidades
da Europa, do Primeiro Mundo, assumam as
políticas públicas e a forma de gestão aqui adotadas. É por isso que Porto Alegre é convidada para todos os
encontros, é por isso que precisamos estar presentes, porque hoje,
infelizmente, tudo acontece nos municípios. Ver. Cláudio Sebenelo, V. Exa., que é uma das pessoas das minhas relações pessoais e uma pessoa respeitável, rebaixar o
debate, como aqui aconteceu, faz com
que quem o faz também seja rebaixado frente a opinião pública.
Quero
fazer um apelo aos Srs. Vereadores para que as coisas que tivermos que disputar
politicamente, que o façamos, mas que não venhamos a rebaixar o debate em
questão de tamanha importância com o intuito de tirar dividendos de ordem
eleitoral ou pessoal. É uma barbaridade que um debate importante como esse seja
utilizado para que venhamos aqui fazer uma catarse contra um modelo que algum
Vereador não venha a concordar de participação popular. Não é isso que está
sendo discutido. Nós estamos sendo convidados, como uma das principais
representações, para um encontro mundial onde temos o que dizer: temos
políticas públicas que são gestadas nesta Cidade e que são conhecidas e
reconhecidas pela ONU e em todos os organismos internacionais importantes que
tratam de gestão de Cidade.
Então,
Ver. Luiz Braz, que ontem elogiei e o faço novamente, solicito a V. Exa., pela
sua trajetória, pela sua responsabilidade, que não venhamos a utilizar termos
depreciativos, termos até difamatórios, porque o Executivo não os usou com V.
Exa. enquanto presidiu este Parlamento. Não é do seu jaez, não é do seu jeito
de fazer política. Eu entendo isso como um equívoco. E quando, eventualmente,
tenhamos que viajar, por sermos uma Cidade importante e reconhecida em nível
mundial, para fazermos um debate, faço um apelo para que não venhamos a
utilizar esses termos, pois não condizem com o nível e a respeitabilidade da
Câmara Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo
Vereador inscrito para discutir a matéria é o Ver. Paulo Brum, que cede o seu
tempo ao seu Líder, Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou me dirigir especialmente
ao meu amigo Ver. Juarez Pinheiro, porque tenho imensa consideração por S. Exa.
Eu aprendi a conhecê-lo neste ano em que trabalhamos juntos na Mesa Diretora e
sei que se trata de uma pessoa honestíssima, correta e, realmente, me deu muita
satisfação poder dividir com ele os
trabalhos que tivemos no ano de 1998.
Ver.
Juarez Pinheiro, V. Exa. comete, eu acredito, uma injustiça com este Vereador,
porque eu não rebaixei o debate, mas apenas coloquei no debate exatamente os
termos que foram enviados pelo Sr. Prefeito Municipal a esta Casa quando
solicitou licença para o Vice-Prefeito. Aqui está o pedido de licença
para a viagem do Vice-Prefeito, com um
pedido de diárias para onze dias, quando serão cinco dias de seminário. Foi
isso que eu coloquei. Jamais usei palavras de baixo calão, ou palavras que
pudessem ser ofensivas aos dirigentes desta Cidade. Não fiz isso.
Quando
coloquei o debate desta forma - Ver. Juarez Pinheiro - foi exatamente para que
esta Casa pudesse votar esta matéria com todo conhecimento. Essa é uma
obrigação nossa, como Vereadores, de dar ao Plenário todas as condições para
que os Vereadores possam votar a matéria. Imagine V. Exa., Ver. Juarez Pinheiro
- que é um homem com muito senso de
justiça -, que se nessa conferência,
que vai ser realizada na Espanha, em que vai participar o nosso Vice-Prefeito,
nosso amigo José Fortunati, na segunda conferência, quando irão tratar do Orçamento Participativo, se o interesse da Espanha fosse real de que o
Vice-Prefeito José Fortunati estivesse lá,
ministrando aulas a respeito do
Orçamento Participativo, pergunto, se
esse realmente é o grande interesse do povo espanhol, se é real que esta
prática feita em Porto Alegre já está
tão difundida em todos os outros países do mundo, se os municípios do mundo
inteiro querem agora assimilá-la, se isto é real, por que eles não pagam as diárias do Vice-Prefeito no período em
que ele estará na Espanha. Por que é a Cidade de Porto Alegre, por que são os
cidadãos de Porto Alegre têm que pagar para o Vice-Prefeito ficar numa cidade
da Espanha para ministrar ensinamentos que interessam para aquele povo? Aqui
para nós, de acordo com aquilo que professa V. Exa. e todos os seus
companheiros de partido, se estamos bem servidos com a prática do Orçamento
Participativo, não precisamos, praticamente, de mais nada porque nós exportamos
essa idéia para os demais países. Então, os outros municípios é que têm que
conhecer a beleza que temos aqui com o Orçamento Participativo.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Luiz Braz, V. Exa., como que, na prática, fazendo uma
autocrítica, agora faz um pronunciamento de acordo com a sua trajetória. Esse
tipo de debate, eu quero dizer a V. Exa. que é outro tipo de debate e que tem a
ver com a sua figura pública. Mas V. Exa. comete um equívoco histórico e
geográfico, V. Exa. desconhece que essa cidade da Espanha - anteriormente a
Porto Alegre - desenvolve, de forma aprofundada, discussões sobre questão de gestão
municipal e participação popular. Então, nós, além de transmitirmos nossas
idéias, os nossos projetos, também vamos tomar ciência e discutirmos - não só
com essa cidade, mas com outras -
conhecimentos, hoje, utilizados nas principais cidades do mundo. Essa cidade
espanhola, antes de Porto Alegre,
já discute com profundidade os temas
que são a pauta desse Encontro.
Mas,
de qualquer forma, V. Exa. que faz autocrítica, na prática, quero
dizer-lhe que me honra ser seu colega.
Muito obrigado.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Juarez Pinheiro, eu não precisaria
fazer nenhum tipo de autocrítica. Mas é muito bom que todos nós possamos fazer
autocrítica. Mas não estou fazendo desta vez, até porque, já disse, no início
do meu pronunciamento que a única coisa que fiz, da primeira vez que estive na
tribuna, foi exatamente passar para o Plenário a verdade que está contida
dentro de todo esse processo e criticar o número de dias que, acredito, sejam dias de turismo. Se V. Exa. pegar a
programação, Ver. Juarez Pinheiro, irá ver que na programação temos aqui os
dias dedicados a turismo. (Lê.) “Noche de gala: visita de los reales a los
cassares. Recepción, cortezia de La Alcadia de Sevilla...”)
Eu
estou colocando aqui que, no próprio
programa, se V. Exas. verificarem todo o programa, eu e o Ver. João Dib já o
verificamos, existem dias de turismo e eu não estou criticando isso, porque é
muito normal. Ver. Juarez Pinheiro, saiba que antigamente aconteciam seminários
para que Vereadores desta Casa participassem em outras cidades e os Vereadores
costumavam, antigamente, a participar. Iam grandes delegações desta Casa
participar em outras cidades, porém começou a surgir na Cidade um comentário de
que os Vereadores iam era fazer turismo. Nos últimos seminários a
representação desta Casa não se faz representar, os Vereadores não vão.
Os Vereadores não vão exatamente por causa desses comentários que surgiu, e o Ver. João Dib sabe disso.
Agora
o Vice-Prefeito vai para a Espanha, Ver. Juarez Pinheiro, que nós poderíamos
fazer uma emenda neste Projeto cortando um pouquinho essas diárias. Eu acho que
onze diárias para quem vai viajar onze dias, é um pouco demais. Eu acho que nós
poderíamos fazer uma emenda para poder tirar. E, outra, Ver. Juarez Pinheiro,
não tem nenhum adesivo circulando por esta Cidade, dizendo alguma coisa a
respeito deste Vereador, com relação ao futuro. Não existe isso, mas quero
agradecer a V. Exa. por ter, de
repente, vislumbrado isso que, quem
sabe, poderá acontecer. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu lamento sinceramente que não
esteja nesta Comissão Representativa o Ver. Pedro Américo Leal, que, se aqui
estivesse, já teria vindo ocupar esta tribuna, dizendo que nós estamos perdendo
muito tempo discutindo um assunto que não mereceria ser discutido. De fato, faz
parte da cultura do gaúcho e do porto-alegrense esse arraigado moralismo às
vezes muito mal exercitado. Eu quero, honestamente, dizer o seguinte - não
tomem isso como ironia -: acho que essa parada de alguns dias que o nosso
Vice-Prefeito Fortunati fará em Barcelona
de todos os aspectos que deve ser analisado, para mim, o mais importante
de todos - afinal nós já discutimos uma
vez e, eu fui um duro crítico de que, num determinado momento as pessoas iam à
França, e depois iam a Venezuela e depois retornavam quase que,
concomitantemente, enquanto se cruzavam no ar o Prefeito e o Vice-Prefeito
- seria o Vice-Prefeito Fortunati ter
permanecido na França por alguns dias e retornado a representação do Município
nos eventos que ali se realizavam, cujo o mérito não vou discutir.
Eu sou daqueles que acha que esta Câmara é extremamente tímida, exageradamente tímida no que diz respeito a permitir, com a freqüência adequada, que integrantes desta Casa faça a representação política da mesma em vários pontos do País e do Mundo, e o faço com a responsabilidade que o portador do cargo público tem que ter. Se o Vice-Prefeito da Cidade, Sr. Fortunati, lá na Espanha, vai dar mais ênfase às programações sociais do que a programação efetiva, de intercâmbio cultural e político, é um problema da responsabilidade do Sr. Vice-Prefeito. Eu não acredito que ele vá se encantar de tal sorte desses eventos sociais que adornam todas essas programações ao ponto de comprometer sua missão. Eu não vou ser cobrado por coerência nesta Casa, porque procuro, com a maior retidão possível, manter coerência a respeito das coisas que acredito e quando tenho que mudar a posição, mudo e justifico por quê. No caso concreto não vejo razão para mudar de posição. É um pouco estranho que o nosso Vice-Prefeito ganhe onze diárias pela programação que oficialmente envolve apenas cinco dias, mas também não é menos verdade que, para se deslocar até aquela localidade, ele comece a comprometer tempo pelo menos vinte e quatro horas antes, gastando mais vinte e quatro horas depois das programações para voltar até a Cidade de Porto Alegre.
Eu confio cegamente que o Vice-Prefeito Fortunati, lá em Barcelona, vai fazer uma boa representação do Município de Porto Alegre. E com essa autoridade eu quero dizer que não aceito de modo nenhum algumas colocações provocativas que aqui foram feitas. Não se diga que o Prefeito Raul Pont e o Vice-Prefeito José Fortunati, durante o seu período administrativo - segundo cálculos do Ver. João Dib -, um em cada três dias de gestão, estiveram viajando por conta dos cofres públicos, por culpa desta Câmara de Vereadores. Não. Acho que é uma opção legítima que fazem ao decidir que viajar com essa freqüência é necessário para o desempenho de seu mandato. E eles têm que assumir essa responsabilidade.
Honestamente, vejo nesse ato da Câmara, de aprovar a licença, um gesto homologatório. Eu não tenho condições de sonegar, de regatear, de obstar esse Requerimento que é encaminhado, hábil e tempestivamente, porque se o fizesse, aí sim, eu estaria correndo o risco de ser acusado, pois quando se trata de viagens de Vereadores, eu sempre venho à tribuna defendê-las, e quando se trata do Executivo, eu tomo posição contrária. A responsabilidade da viagem é de quem pede a licença e a nossa responsabilidade é a de chancelar esse ato, sem que isso implique na mudança da responsabilidade. Não somos nós os responsáveis pela ida ou não do Vice-Prefeito para Barcelona, nem seremos nós os responsáveis pela forma com a qual vai-se desincumbir dessa tarefa. Confio plenamente que ele fará uma boa representação de Porto Alegre. E se não o fizer, a responsabilidade não é desta Casa e sim de quem não o fez. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação o PDL
nº 02. O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A
Bancada do Partido dos Trabalhadores complica muito a minha vida. Eu, no meu
pronunciamento, em momento nenhum, disse que votaria contra a viagem de S. Exa., o Vice-Prefeito José Fortunati. Lembro
até que encerrei o meu pronunciamento dizendo que eu tinha convicção de que o
Dr. Fortunati, na Espanha, não falaria mal deste Parlamento. Mas a Liderança do
PT, diz que se o Prefeito viaja, se o Vice-Prefeito viaja, os Vereadores é que
são os culpados. Isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, me leva a reformular a
minha posição: vou votar contrariamente à viagem do Sr. Vice-Prefeito José
Fortunati, porque eu não sou responsável pelas coisas que acontecem no Paço
Municipal.
Eu
fui Prefeito sim, e sei exatamente o que é fazer uma solicitação de autorização
para viajar, apesar de que eu ao Exterior viajei uma única vez, quando
convidado pela administração de Porto Rico, a única capital brasileira
convidada, Porto Alegre, e com todas as despesas pagas. A Câmara Municipal
discutiu uma tarde inteira para me autorizar a viajar. As outras viagens que
fiz eram a Brasília, para buscar recursos para a Cidade de Porto Alegre e
sempre aproveitei a convocação que eu recebia mensalmente para participar do
Conselho Nacional de Pesquisas Urbanas, onde eu representava o Rio Grande do
Sul. Então, eu diminuía a despesa da Cidade e num único dia eu conseguia
resolver o meu problema de representação do Rio Grande do Sul e buscar recursos
para a Cidade.
Não
viajei - somando todos os três anos - o número de vezes que viajou o Prefeito
Raul Pont no ano passado, um dia a cada cinco. Eu não viajei um a cada trinta
dias. Eu entendo que as viagens são necessárias, mas têm que ser priorizadas,
acima da viagem está o interesse da Cidade.
Eu
recordo que, em maio de 85, fui convidado, com todas as despesas pagas, com
itinerário a ser estabelecido por mim, e eu que estava no terceiro ano de
Governo, sem ter tirado férias, chamei o agente de viagens e marquei para às
11h45min., para que ele estivesse no meu gabinete para estabelecer o roteiro da
viagem. Às 11h30min. eu, pessoalmente, liguei a um agente de viagens e disse:
“Cancela a tua visita, porque não vou
mais viajar, eu sinto a responsabilidade de que eu não posso sair da Cidade que
precisa de mim”. Era para discutir assuntos municipais? Era, mas eu não podia
porque a responsabilidade que eu sentia por esta Cidade era muito grande. Eu
lembro bem as palavras do agente de viagens: “Dr. Dib, o senhor é um homem
pobre. O senhor nunca mais vai na sua vida poder fazer essa viagem”. E eu
disse: “Assim mesmo eu vou ficar em Porto Alegre cuidando dos problemas para
que alguns deles se transformem em solução”.
Então,
eu penso que a viagem deve existir sim, mas tem que se estabelecer prioridades.
Não é um convite que vem sem designação do Prefeito ou do Vice-Prefeito, José
Fortunati, fala aí num representante da Prefeitura. Não é esse convite que me
parece que tenha prioridade para que a Cidade se desenvolva e cresça.
No
que diz respeito à III Perimetral, o último Prefeito que fez teste, que
concluiu obras nesta Perimetral que está aberta em toda a sua extensão fui eu:
Av. Ceará, Rua Pereira Franco, Rua Edu Chaves e Rua Souza Reis, que não precisa
mais ser mexida: é trecho integrante da III Perimetral. Alarguei parte da Av.
Carlos Gomes. Agora, eu ouço no debate da viagem do Vice-Prefeito até a III
Perimetral. Ouço que, se estivesse aqui o meu correligionário, Ver. Pedro
Américo Leal, ele diria: “Viaje o Prefeito, mas, eu até, dependendo, mandava-o
viajar e não voltar mais”.
É
por isso, Sr. Presidente, que encerro dizendo que, em função do pronunciamento
da Bancada do Partido dos Trabalhadores, vou votar contrariamente. Saúde e paz.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para encaminhar.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
quero lamentar o voto contra, do Ver. João Dib e, quem sabe, solicitar a S.
Exa. que reflita, porque ele interpretou as minhas palavras e nós
poderíamos, inclusive olhar as notas taquigráficas, porque o que eu afirmei
antes e afirmo agora, é que o Prefeito todas as vezes que viajou o fez sempre a
trabalho, para o bem da nossa Cidade, e viajou com a autorização da Câmara. Em
nenhum momento se disse que a Câmara era a culpada pelas viagens do Prefeito, o
que tem outra conotação, mas sempre a Câmara aprovou as viagens do Prefeito, e
se a Câmara assim o fez é porque ela analisou os pedidos do nosso Prefeito e,
às vezes, do nosso Vice-Prefeito, como agora, e considerou importante, pelo
mérito do pedido, pelo mérito da solicitação.
Eu
costumo falar o que penso, e acho que V. Exa., Ver. João Dib, também. Na
segunda-feira eu disse que esta Câmara tem o reconhecimento da população de
Porto Alegre, mesmo tendo problemas que precisamos superar, e temos sempre o
que melhorar. Portanto, a minha visão da Câmara é da sua respeitabilidade, e se
ela aprovou as viagens do Prefeito e do Vice-Prefeito é porque as considerou
importantes.
Peço,
de novo, a análise do mérito da viagem para aprovarmos o Requerimento e também
o quanto irá se gastar. Volto a afirmar, a importância dos dois eventos para os
quais o Vice-Prefeito, José Fortunati, irá. No primeiro caso, participará de um
encontro da Federação Mundial de Cidades, do Conselho Deliberativo dessa
Federação, e a nossa Cidade terá a honra de participar dessa Federação e desse
Conselho Deliberativo. No outro caso é uma discussão Mundial sobre a relação
entre a democracia representativa e a democracia participativa. É uma discussão
mundial, e não adianta fecharmos os olhos, pois até penso que alguém possa ser
contra a que a população participe cada vez
mais dos destinos da sua comunidade, mas não podemos “tapar o sol com a
peneira”, porque é uma discussão mundial, onde haverá representantes de cidades
da África, da Europa, da América Latina, etc. E cada vez que a população
participa dos destinos da sua cidade, as cidades são melhor governadas, são
mais pessoas pensando. As pessoas que sentem o problema, são as que conhecem
mais esse problema e ajudam a procurar a solução.
Srs.
Vereadores, peço o voto de todos a essa solicitação do Executivo Municipal,
porque será bom, sim, para a Cidade de Porto Alegre e vamos contribuir, com a
experiência que temos, pela importância da Cidade de Porto Alegre, para o nosso
País e para a América Latina, nessa discussão que é mundial.
O
outro aspecto ao qual me referi, o custo, é absolutamente irrisório, o custo
das diárias é de quatro mil e oitocentos reais. Os custos estão repartidos
entre Porto Alegre e as entidades promotoras. As entidades promotoras pagarão
as passagens, enquanto que a Cidade de Porto Alegre pagará as diárias.
Portanto, os custos estão repartidos, e é importante para os dois lados, por
isso repartimos as despesas. Peço o
voto dos Srs. Vereadores pela importância para
a nossa Cidade. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
encaminhar.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nesse debate foi trazido que o
assunto do segundo Encontro do Sr. Vice-Prefeito, lá na Espanha, será a
participação popular. E que é muito importante, disse aqui o Líder da Bancada
do PT, que haja, cada vez mais, o debate entre todos os segmentos da população.
Mas pergunto ao Ver. Guilherme Barbosa, se isso é verdade, por que os Secretários do Município não recebem os
Vereadores? Por que o Sr. Prefeito Municipal dificulta, cada vez que um
Vereador solicita uma audiência, ao ponto de no ano de 1991, quando o Prefeito
era o Sr. Olívio Dutra, atual Governador deste Estado, para quem as Lideranças desta Casa pediram
uma audiência para discutir o salário dos funcionários públicos
municipais, essa audiência ser negada.
Mas que participação é essa, se o SIMPA (Sindicato dos Municipários de Porto
Alegre), só porque não é presidido por alguém do Partido dos Trabalhadores, tem
uma imensa dificuldade para se comunicar com aqueles que administram este
Município? A participação então deve ser feita apenas por aqueles que rezam na cartilha do Partido dos Trabalhadores?
Interessa ao Partido dos Trabalhadores que a discussão seja feita por todos os
segmentos da população? Não, Ver. João Dib, não interessa que os segmentos
contrários às idéias petistas, que aqueles que querem discutir realmente as
idéias petistas, possam participar da discussão, porque eles são alijados. Os
Vereadores de oposição desta Casa não conseguem audiência com os secretários.
Há um Secretário, que foi agora para a SMIC, que é o Zeca Moraes, só para citar
um dos secretários, que, acredito, ganhou um troféu por ser “antiCâmara” de
Vereadores, por ser antipovo, porque ele só recebia na Secretaria Municipal de
Indústria e Comércio aqueles que eram
favoráveis ao seu programa de Governo.
Ora,
é isso, Ver. Guilherme Barbosa, que V. Exa. chama de democracia? É por isso que
o Ver. José Valdir, ao vir a esta tribuna, disse que o seu Partido deve
continuar fazendo aqui no Paço Municipal durante décadas. Eu acredito nisso,
porque se for na forma de ditadura, se for para pregar uma coisa para a
população, mas praticar outra, se for para agir com essa falsidade com que agem
até o presente instante, eu acredito que vão se eternizar para o mal desta
Cidade, para o mal desta sociedade que quer, Ver. Guilherme Barbosa,
realmente discutir sobre o Governo e a
Cidade, e a respeito daquilo que é importante
para ela. Mas por que os Vereadores são alijados dessa discussão? Por que os
Vereadores não são recebidos nas secretarias? Por que os secretários se
escondem dos Srs. Vereadores quando os Vereadores precisam discutir um assunto
ligado às suas comunidades? É claro, V. Exa. poderia dizer: mas os Vereadores
têm o condão de poder votar aqui o chamamento de qualquer dos secretários para
vir a esta Casa para prestar esclarecimentos! Isso ocorria no tempo em que o Ver. João Dib era Prefeito
desta Cidade, ou no tempo em que outros prefeitos, que não petistas, assumiam o
Paço Municipal, era muito normal que os Vereadores desta Cidade constantemente
estivessem discutindo problemas da sua
comunidade com os Secretários. Agora, não. E V. Exa. chama isso de participação?
V. Exa. diz que o seu Governo gosta de discutir com a comunidade? Gosta de
discutir com o segmento petista, gosta de discutir com aqueles segmentos que
não são antagônicos ao projeto petista, mas não gosta de discutir a Cidade com
todos os segmentos.
E
é por isso, Ver. Guilherme Barbosa, que esta viagem do Vice-Prefeito à Espanha,
eu acredito que, se ele continuar pregando na Espanha, o que se prega aqui,
através do programa Cidade Viva, a comunidade espanhola estará aprendendo uma
mentira a respeito de Porto Alegre. E não é isso o que o meu Partido quer. Eu,
pelo menos, e não fechei questão com o Ver. Paulo Brum, estarei,
particularmente, votando contrário à ida do Vice-Prefeito até a Espanha. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrado o período de encaminhamentos,
passamos à votação. Em votação o PDL nº 02. (Após a chamada.) APROVADO por 11 votos SIM e 03 votos NÃO.
PROC.
3039/98 – INDICAÇÃO Nº 089/98,
de autoria do Ver. Hélio Corbellini, que sugere ao Senhor Governador do Estado,
através da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), a ampliação e a
manutenção da rede elétrica aos moradores da Cooperativa Habitacional
Coqueiros, localizada na Rua Banco Inglês, 33, no Morro Santa Teresa.
- da 2ª Comissão Representativa. Relator Ver.
Adeli Sell: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão a Indicação nº 089/98.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, vou votar favoravelmente,
mas gostaria que a Comissão de Justiça, quando se instalasse, analisasse se
esse tipo de matéria, que a CEEE só faz cobrando, pode ser encaminhada através
de indicação de Vereador. A CEEE só faz se cobrar. Mas, voto favorável.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo quem queira discutir. Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Requerimento
nº 154/98, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo de Moção de Solidariedade ao
Ministro José Serra pelo desempenho junto ao Ministério da Saúde, pelos seus
esforços para erradicar a máfia da saúde. Em votação.
O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao
apagar das luzes desta Reunião em que fizemos a discussão fundamental e
priorizada para hoje, surge um Requerimento do Ver. Cláudio Sebenelo de elogio
ao Ministro Serra, atual Ministro da Saúde, no que tange a atacar as questão de
desvios de recursos da área da saúde.
Quero
aproveitar essa oportunidade para saudar algumas intervenções do Ministro
Serra, na sua gestão, enquanto Ministro da Saúde. Em primeiro lugar, o Ministro
Serra teve a coragem de dizer que nos quatro anos do Governo Fernando Henrique
Cardoso houve uma sensível diminuição de recursos da área da saúde. Isso, por
óbvio, não seria novidade se fosse
critica de alguém que faz oposição ao Governo Federal. Mas dito isso por um
Ministro do Governo Fernando Henrique Cardoso, um homem que tem um passado
respeitável, inclusive tendo sido exilado no Chile por força das suas posições
políticas, eu acho que é um fato extremamente louvável na atual conjuntura da
política brasileira. Ele, que é do mesmo partido do Sr. Fernando Henrique
Cardoso, teve a coragem de enfrentar o seu próprio companheiro, atual
Presidente da República, e fazer a mais grave denúncia, ou seja, o Governo
Federal que sobrevaloriza o real, que abre as fronteiras e faz com que, para
manter esse Plano, sejam cortados
recursos públicos das áreas sociais para custear o pagamento da dívida -
e nós sabemos que essa dívida cada vez aumenta mais, porque desde 94 a balança
comercial aponta a cada mês prejuízos na balança de pagamento -, pois esse Governo retira recursos da área da
saúde para pagar os banqueiros. Nós sabemos que somos o País que paga o maior
juro do Mundo. Ninguém, além de nós, remunera tanto o capital volátil
internacional. O Ministro Serra teve a coragem, a cidadania e a
responsabilidade de fazer essa denúncia. O Ver. Cláudio Sebenelo, quando propõe
essa homenagem ao Ministro Serra,
recebe, de minha parte, total apoio,
porque sabe que, no Estado,
tempo atrás, houve um grande desvio
em IHs, foram milhões e milhões de dólares e até hoje esse desvio não foi
apurado pelo Poder Judiciário. No Hospital Ipiranga, foram falsificados documentos com nome de médicos
do Grupo Hospitalar Conceição para que o Diretor e os proprietários desse
Hospital, que já não existe mais, viessem a se beneficiar. Não sei se esse
inquérito saiu da Polícia Federal, se já chegou
ao Poder Judiciário, o que se
sabe é que esses recursos vultuosos foram desviados de uma área tão
importante da vida das pessoas, do setor da saúde, e, até hoje, não chegou ao
seu final.
Ver.
Cláudio Sebenelo, V. Exa. está de parabéns por fazer um elogio ao Ministro.
Não faço uma análise geral do seu
comportamento enquanto Ministro, mas ele pegou um Ministério com um problema
seríssimo de dengue. Na verdade, seu antecessor não tinha sido previdente no sentido de haver recursos para o combate
dessa epidemia. Ele assumiu o Ministério no auge de uma grande crise nacional,
numa área em que já estava
erradicada, a questão da epidemia dengue. E vem fazendo um trabalho
razoável, tem tido algumas posturas
como essa de enfrentar a máfia da
saúde, que a gente sabe que permeia
todo Ministério da Saúde e que não
deixa que o SUS seja
implantado, ao remunerar muito mal os
seus colegas, Ver. Cláudio Sebenelo, e as casas de saúde. É extremamente
oportuno o Requerimento do Ver. Cláudio Sebenelo e, com loas, votarei a favor.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para encaminhar.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós
encaminhamos esta Moção não com o propósito de um elogio partidário, não com o
propósito de um elogio fácil, não com o propósito de um elogio
partidário-eleitoreiro. Apesar de, pessoalmente, termos profunda admiração pelo
Ministro Serra, o elogio que se faz é, indiscutivelmente, à coragem, à ousadia
de um Ministro em se envolver com a preservação do gasto público, para que seja
um gasto que, na ponta do sistema, saia para os seus verdadeiros destinatários,
jamais para intermediários, para aproveitadores, para açambarcadores, que
agudizam, da forma mais desumana possível, o problema sanitário brasileiro.
A “Zero Hora” de hoje publica um magnífico
trabalho jornalístico de acompanhamento de alguns médicos que, anonimamente,
testaram o Sistema de Saúde, e foram em busca de consultas, foram em busca de
atendimento, foram em busca da proteção desse imenso protetor que é o Sistema
Único de Saúde. Tiveram dificuldades. Sendo médicos, conhecendo os meandros, os
escaninhos, as curvas do Sistema, foram até ele e, realmente, ficou evidenciada
a dificuldade que uma pessoa que não conhece o Sistema, que não tem recursos, que
não tem recomendações, um anônimo, sofre nas filas, sofre com o imenso prejuízo
causado por essa máfia que, sabendo e conhecendo o vulto e o volume do
orçamento da área da Saúde, faz com que pessoas inescrupulosas, um sistema organizado, desvie de suas
verdadeiras finalidades os recursos que seriam destinados ao verdadeiro dono,
ao proprietário do Sistema, que é a pessoa que vai lá na ponta dele fazer uso.
Por
isso, nós pedimos e salientamos, como paradigma, a luta pela austeridade do
Sistema, doa a quem doer, contra qualquer pessoa, seja ela quem for, contra
qualquer grupo, seja ele quem for, que atente contra essa situação
delicadíssima, onde o grande prejudicado é a pessoa que já vem com outros
prejuízos da vida. E se alguém vai
pedir socorro, se alguém é vítima de um
sistema, ao chegar nesse Sistema torna-se vítima novamente. É um fardo
insuportável para a sociedade! E há que ter coragem e enfrentar os poderosos,
enfrentar interesses, enfrentar grupos e perder poder, muitas vezes, porque
atenta contra esse verdadeiro estado paralelo que se instalou na área da Saúde
e que, como um parasita, como uma
simbiose doentia, faz do desvio das verbas talvez um dos maiores cancros desta
Nação.
Por
isso, essa atitude corajosa do Ministro Serra deve ser um estímulo para todos os outros ministros. Hoje eu ouvi o
Ministro Jungmann e realmente fiquei entusiasmado com o seu projeto para este
ano e com a sua postura, com a sua seriedade.
Louvem-se esses ministros pela seriedade com que vão para os seus
ministérios, sofrendo as agruras de todos os problemas acumulados
historicamente, além dos atuais. Quem
não quer melhorar as condições sociais do povo brasileiro? Todos nós queremos!
Há uma necessidade histórica de desvio do eixo principal neoliberal para o eixo
social-democrático, para a sociedade, para o social, para a educação, para a
saúde, para o saneamento básico, para a água potável, para que este País
esvazie seus hospitais um dia, numa festa nacional. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Diz o
Ver. Cláudio Sebenelo, na sua justificativa, que “é fato público e notório que
o atual Ministro da Saúde, Dr. José Serra, tem implementado esforços visando
erradicar a verdadeira máfia da Saúde, que há anos está encastelada no País.
Essa determinação está causando ameaças à própria vida do Ministro, razão pela
qual estamos propondo a presente Moção”.
Quero
salientar a V. Exas. que este Requerimento tem a data de 10 de junho de 1998, e
saliento este particular para que fique claro que não é uma matéria
despropositada que aqui chega, porque esse fato já foi amplamente superado por
vários outros na contingência e nas circunstâncias que envolvem o Ministério do
Governo Fernando Henrique, sendo que, inclusive, é o Senador José Serra um dos
que foi mantido no Ministério na reforma promovida pelo Presidente reeleito
Fernando Henrique, para o enfrentamento do segundo período administrativo dessa
experiência que a Nação brasileira tem consagrado por duas vezes e que tem, na
liderança inquestionável do Presidente Fernando Henrique, o seu condutor, o seu
comandante.
Faço
toda essa colocação, Sr. Presidente, porque, evidentemente, quando se fala em
saúde neste País há possibilidade para as mais amplas divagações, e as mais
diversificadas vertentes de opiniões podem suscitar colocações que aqui ou
acolá sejam objeto de algumas dúvidas. Sempre voto as matérias de acordo com
aquilo que está escrito e desvinculo das matérias os comentários que
eventualmente possam ser feitos da tribuna, como motivação da posição, do voto,
enfim, da decisão pessoal de cada um.
É
evidente que vou votar esta matéria com motivações diversificadas com o meu
estimado amigo Ver. Juarez Pinheiro, que vê o problema sob um ângulo, sob uma
vertente completamente oposta daquela que vejo. Até mesmo o autor da matéria,
se tivesse colocado aqui na sua justificativa algumas das colocações que trouxe
da tribuna, poderia justificar alguma dúvida para mim. Eu não compreendi o
final de sua manifestação, pois parece que ele se coloca no rol das pessoas que
entende que o projeto do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso,
porque os seus ministros cumprem o programa de governo, pode ser questionado,
pois, segundo alguns, seria muito neoliberal - expressão que eu já estou
cansado de ouvir, porque não define nada, não justifica coisa nenhuma.
Então,
eu quero, no meu voto, na minha motivação, ser coerente com quem acha que o
Presidente Fernando Henrique Cardoso busca, com a sua equipe, fazer um grande
trabalho para este País e que, apesar das mazelas na área da Saúde,
identificadas pelo Ver. Cláudio Sebenelo no que ele denomina de “a máfia”, os
resultados que tem se obtido são absolutamente concretos. E como eu sou um dos
que entende que devemos buscar uma política de resultados, porque o discurso, a
denúncia, a colocação bonita, filosoficamente bem colocada, doutrinariamente
bem postada, perde sentido dentro da realidade, a realidade que eu percebo é,
em todos os segmentos, um crescimento adequado e soluções ajustadas a uma
realidade de um mundo conturbado, propiciados pela equipe do Presidente
Fernando Henrique, onde se insere o Ministro José Serra, vítima, em junho
passado, de ameaças que foram detectadas pelo Ver. Cláudio Sebenelo, e que é a
ocasião de pedir a solidariedade que, pelas mais diversas razões, somente agora
em janeiro estamos a oferecer. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Em votação
o Requerimento, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, solicitando Moção de
Solidariedade ao Ministro da Saúde José Serra.
Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Apregoamos
o Requerimento nº 166/98, de autoria dos Vereadores Renato Guimarães e Gerson
Almeida, solicitando à Fundação Estadual de Proteção Ambiental - FEPAM,
audiência pública para discutir os efeitos da instalação do Distrito Automotivo
de Guaíba.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a data deste Requerimento
é de julho do ano passado. As coisas se alteraram, seria bom que fosse
examinado com mais cautela.
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, eu
proporia, como o primeiro signatário Ver. Renato Guimarães não está presente
aqui no dia de hoje, que se sobrestasse a matéria até o dia de amanhã para
verificarmos se ele mantém o interesse desse Requerimento que, provavelmente,
tenha se desatualizado pelo tempo transcorrido.
O SR. PRESIDENTE: Concordo com V. Exa., está sobrestado o
Requerimento.
Infelizmente
nós não temos o conteúdo do Decreto 12072 de 21 de agosto de 1998, ao qual o
nobre Ver. João Dib se refere em seu Requerimento.
Requerimento
nº. 188/98, do Ver. João Dib, Proc.2610/98, solicitando que seja ouvida a
Comissão de Constituição e Justiça
quanto à legalidade ou não.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, eu solicitaria que esse
Processo fosse analisado no início da Sessão Legislativa normal, porque não
adianta aprovar ou não, agora, porque a Comissão de Justiça não está em
funcionamento.
Então,
eu solicitaria que fosse sobrestado e que a Diretoria Legislativa incluísse aí
o texto do Decreto.
O SR. PRESIDENTE: Deferido o seu pedido, Ver. João
Dib, está sobrestado.
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, essa Questão de Ordem
colocada como consulta à Mesa e à Diretoria Legislativa é para
esclarecer se esse Requerimento, protocolado no ano de 1998, como os demais
processos legislativos, se não ficam
automaticamente arquivados ao teor do art. 109 e 110 do Regimento Interno da
Casa?
O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, o artigo 107 do
Regimento reza que as proposições não votadas até o fim da Sessão serão
arquivadas, exceto as de competência da Comissão Representativa e as de
iniciativas do Prefeito. A Dra. Inês Haffner interpreta que os requerimentos
refogem à proposição. Em todo caso como a definição de proposição é bem ampla,
a opinião da nobre Diretora pode ser contestada. Então pedi a presença da
Doutora Marion aqui.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem):
Sr. Presidente me parece
que V. Exa. já esclareceu a matéria. Eu,
ao menos, tenho este
entendimento. A partir do momento que V. Exa. leu o dispositivo regimental, que
diz que refoge ao arquivamento aquelas matérias que são da competência da
Comissão Representativa e tendo
conhecimento de que os requerimentos
podem ser feitos e apreciados durante a Comissão Representativa, esse Vereador
tem entendimento claro de que estes Requerimentos permanecem na Ordem do Dia
durante a Comissão Representativa. É apenas uma interpretação, como membro da
Comissão de Justiça., de que a Questão
de Ordem levantada já foi respondida por V. Exa.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Embora não seja membro da Comissão de
Constituição e Justiça, eu acredito que é tranqüila a interpretação, que não há
necessidade nenhuma de consulta à
Auditoria, é claro que a interpretação da Diretoria Legislativa e
confirmada por V. Exa. e pelo Ver. Juarez Pinheiro é claríssima de que a matéria
é do âmbito da Comissão Representativa.
O SR. PRESIDENTE: E
a tradição, também, na Comissão Representativa tem sido esta até hoje pelo
menos.
O SR. REGINALDO PUJOL: Tendo sido autor da Questão de Ordem, e
esclarecido, eu colocava, naquela
oportunidade, que era mais uma consulta à Mesa, era mais uma indagação. Com o
esclarecimento trazido por V. Exa., ainda que seja parte do contexto, eis que
um mero texto, que poderia ser ilidido pelos demais, mas parece que ele é de
tal forma taxativo no esclarecimento de que as matérias que são da competência
dessa Comissão Representativa não são automaticamente arquivados, me parece que
remanesce o poder da Mesa e da Presidência em decidir quais as matérias que
devem ser submetidas e quais as que, por sua natureza, devam merecer o
arquivamento, como é o caso de algumas situações em que o tempo se encarregou de desgastar a
proposição.
O SR. PRESIDENTE: Diante disso, até pela atenção que os
Srs. Vereadores dão às matérias, tanto que há pouco alguém propôs que fosse sobrestado
porque um dos autores não estava presente e a anterioridade da matéria, que foi
assinada em 30 de junho do ano passado e talvez até já esteja perdida na sua
eficácia, nós temos sobrestado algumas matérias. É muito oportuna a
manifestação de V. Exa.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu entendo que pela
forma regimental o Requerimento por mim assinado deveria ter sido arquivado no
dia 26 de agosto. Solicito, então, à Diretoria Legislativa que desarquive o
mesmo para que possa tramitar neste ano.
O SR. PRESIDENTE: Eu já havia deferido o pedido de V. Exa.
para que o seu Requerimento entrasse no início da Sessão Legislativa normal, a
partir de 15 de fevereiro.
Em
votação Requerimento nº 212/98 - Processo nº 3156/98, de autoria do Ver. Adeli
Sell. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
novembro do ano passado, atendendo a uma manifestação do Sindicato dos
Trabalhadores de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul, que
concitavam aos Vereadores ou aos companheiros, como consta aqui no Projeto, a
participarem de um ato público em defesa do SERPRO, no dia 06/11/98,
sexta-feira, com início às 11h em frente ao prédio da regional da Empresa, na
Av. Augusto de Carvalho, esquina com a Perimetral. “O Sindicato está justamente
com o Sindicato de Processamento de Dados de todo o Brasil com um processo
articulado pela FENADADOS, denunciando novos atos do Governo de Fernando
Henrique Cardoso que pretende desmontar partes importantes da SERPRO, Serviço
Federal de Processamento de Dados, inclusive algumas delas recentemente reorganizadas técnica e
administrativamente, mediante grandes investimentos públicos. Denuncia que um
fato particularmente alarmante nesse
processo foi a edição nesse último dia
03/10/98, da Portaria nº 273, do Ministério da Fazenda com um conjunto de medidas que atingem os
funcionários com dispensas e redução de direitos e os cidadãos com a suspensão
dos serviços e a continuidade do próprio SERPRO, pois as reduções impostas se
constituem em problemas muito sérios. Além disso a forma e a urgência com que
as alterações deverão ser realizadas indica que outros prejuízos advirão, já
que as lacunas deixadas pela retirada do SERPRO serão preenchidas por
conhecidos e sempre atentos concorrentes privados”.
O
Vereador, diante dessa manifestação, entendeu que deveria requerer essa Moção
de Solidariedade. Provavelmente, ainda que esteja escrito que é contra o
desmonte das empresas que está implementada pelo Governo Federal, mas,
provavelmente, diga respeito a esse
movimento que se desdobrava na ocasião, porque com muita propriedade o Vereador
anexou farta documentação entre as quais a análise da Portaria nº 273, de
13/10/98, do Ministério da Fazenda.
Nesse
lapso de tempo, transcorrido os meses de novembro e dezembro, não sei se essa
solidariedade não será tardia . Não é o nosso caso, porque não pretendemos ser
solidários. Nós, inclusive, votaríamos na ocasião contrários, porque achávamos
que teríamos que fazer uma discussão mais profunda sobre a Portaria 273 do
Ministério da Fazenda, antes de exarar um voto em que nós simplesmente
engrossávamos um movimento que condena esta Portaria. No entanto, Sr.
Presidente, remanescendo o Requerimento e se tivermos que votar no dia de hoje,
eu, pessoalmente, já antecipo, vou votar contrário. Nem sei se vou conseguir
votar, pelo visto não teremos número suficiente de Vereadores, face ao
adiantado da hora, para votar esta matéria. Mas, de qualquer sorte, saliento que
esta matéria se inclui, como outras tantas, naquele rol de proposições que
foram represadas durante o ano legislativo anterior e que, agora, vêm na
Comissão Representativa. Eu sustento que a atualidade destas proposições deve
ser objeto do reexame da Mesa para ver da conveniência delas virem engrossar a
nossa pauta ou, então, dar oportunidade para que requerimentos mais atuais,
mais adequados, ao debate político do dia possa ser realizado. Senão ficaremos
discutindo coisas que já aconteceram, deixando de discutir realidades da Cidade
do dia presente: como a falta de água que já começa a se manifestar em vários
pontos de Porto Alegre, a anunciada modificação do Centro de Porto Alegre, a
reabertura do trânsito na Avenida Borges de Medeiros, coisas que são atuais da
Cidade de Porto Alegre e sobre as quais nós não podemos nos omitir. E
acabaremos nos omitindo, porque estamos discutindo fatos que já ocorreram,
solidariedades requeridas em junho, setembro, outubro, novembro, até em maio
dos anos anteriores e que, por razões diversas, ficaram represadas na Casa. Se
tiver que votar, Sr. Presidente, voto contra. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
(Obs.:
Os demais Requerimentos foram aprovados, conforme consta da Ata.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da
presente Reunião.
(Encerra-se
a Reunião às 13h45min.)
* * * * *